sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Estarei cansado?


Vou fechar.
Estou cansado, desmotivado e sem inspiração.
Não tenho Musas nem Tágides mas apenas as palavras boas dos amigos.
Vou parar, vou ler. Tenho um monte de livros à minha espera.
Vou escrever à maneira antiga, num papel com uma caneta de tinta permanente.
Depois rasgo e escrevo de novo.
Vou fechar a porta.
Não sei um dia a voltarei a abrir, mas julgo que sim
O tempo dirá.



quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Intemporal....



Não fujas de ti próprio, mais tarde ou mais cedo acabas por te encontrar.


Uma Amiga, muito especial, escreveu um dia que eu era um homem intemporal.
Isto tem andado a bailar na minha cabeça, pois não sei se a intemporalidade é uma forma ou um conceito.
Ser intemporal é como ser eterno e ser eterno é privilégio de muito poucos.
Eu sou apenas um sobrevivente, lutando para me manter à tona da água.
Mas que gostei do conceito gostei.
Foi bué da fixe.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Tempos idos.......




Dou, muitas vezes, por mim a pensar como foi a minha adolescência.
Nada do que nos ocupa agora faziam parte do dia a dia.
As tecnologias não iam além de uns brinquedos de corda, de uma telefonia de som metálico ou de um relógio que não precisava de corda.
As raparigas olhavam para nós através das vidraças das janelas por onde passávamos, vezes sem conta, na esperança que os vidros se abrissem.
Nos Domingos de manhã todos os rapazes andavam nas proximidades da Igreja, pois era certo que as moças estariam presentes para a missa, o que dava a hipótese de uma melhor aproximação e a possibilidade de confirmar a presença no baile da tarde, normalmente na Sociedade Ordem e Progresso.
O bailarico, além do Cinearte, era o grande acontecimento do fim-de-semana.
As raparigas aprimoravam os seus trajos para deslumbrarem os já deslumbrados cortejantes.
Os rapazes depois de um banho mais profundo, esqueciam que era uma mariquice, e não deixavam de dar uma borrifadela com o perfume que lhe tinham oferecido no Natal.
Punham a camisa mais imaculada que possuíam onde uns botões-de-punho reluzentes davam uma imagem de marca. A gravata de seda, comprada por dez escudos ao chinês que as vendia junto ao café, era segura por alfinete a condizer com os botões-de-punho.
O cabelo bem escovado era o toque final.
Na sala do baile um conjunto de músicos, vestidos a rigor, ensaiavam as ultimas novidades que o cinema ou a rádio nos traziam. O vocalista, normalmente, era uma imitação de um Elvis Presley, mas só na popa, pois a voz não acompanhava a imagem.
Era uma tarde de emoções, pois havia a possibilidade de embalarmos nos nossos braços a rapariga dos nossos desejos, embora sob o olhar atento das mães.
Loucura total ao acorde de um “Love Me Tender” ou “Blue Moon”, nuns passos de rock aprendidos no último filme.
Era o Domingo da nossa fantasia o imaginário dos nossos parcos desejos.
Era uma felicidade de coisas simples.
Eram os anos 50.
Que saudades!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Inconstância?




Nunca, ou quase nunca, sabemos aquilo que queremos.
Vivemos numa vida muitos amores. Uma existência, um conforto, um bem-estar mas sempre com a dúvida de termos feito a opção correcta.
Temos alguém que nos espera, que nos atura e nos dá o melhor que tem para nos dar.
Aceita e tolera as nossas frustrações, suporta as nossas mudanças de humor, perdoa a nossa insegurança de uma forma que nos faz sentir seguros.
E nós? Sim e nós?
Inseguros porque deixamos amores mal resolvidos?
Duvidas pela forma desarrumada em que temos a nossa cabeça?
Temos sempre receio de não termos tomadas as melhores opções.
Não temos a certeza de nada.
Conquistamos tudo e não sabemos se era isto que queríamos.
Não conseguimos ter a certeza se a segurança e o bem-estar é aquilo que efectivamente procurávamos, ou se preferíamos o conflito, a incerteza, o degladiar de personalidades fortes e antagónicas.
Quanto nos arrependemos de decisões mal tomadas? Quantas vezes pensamos voltar atrás mesmo sabendo que seria o pior possível.
Quantas vezes repetimos e repetimos os mesmos erros?
A nossa inconstância é permanente, mas é ela que nos dá o motivo para sermos diferentes.
Será que o bom senso imperará sempre?
Esperemos que sim!




Vamos beber todo o romantismo deste imortal “blue velvet”



sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Mea Culpa


Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz não
(Manuel Alegre)


Todos os dias penso o mesmo, mas o ciclo vai-se repetindo e fica sempre adiado para outro dia. È difícil fugir aos hábitos a que nos vamos arreigando ao longo dos anos.
Sei que o amanhã será sempre diferente do ontem e até do hoje, mas fica sempre a ideia de que poderá ser melhor.
Vem isto a propósito da inconstância da vida, da forma leviana como vivemos o dia a dia, indiferentes as misérias que nos rodeiam.
Vimos as notícias na Televisão, ou lemos no jornal e ficamos consternados, mas pouco tempo depois já esquecemos tudo e continuamos indiferentes na procura do nosso conforto e do nosso bem-estar. Esquecemos por que queremos esquecer, por egoísmo, porque é mais cómodo.
Mas a vida é mesmo assim. Todos os dias deixo para amanhã o meu contributo.
Todos os dias fico à espera que os outros resolvam aquilo que eu também deveria ajudar a resolver.
Mea culpa.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Que fazer?



Há na vida tantas vidas que se torna difícil escolher a que mais nos marcou.
Começamos como um embrulho que corre de braços em braços. Temos que ouvir
toda a espécie de baboseiras. Menino lindo, tal e qual o pai.
Depois é tragar todas as canções com que nos querem embalar. Papão vai-te embora de cima desse telhado. È terrível o que temos que aturar, por isso é natural que quando vamos crescendo comecemos a bater mal.
A seguir vem aquela idade dos porquês. A idade em que não nos sabem explicar tudo.
Em que nos dizem apenas o principio e deixam à nossa imaginação o resto. Depois ficam irritadas porque repetimos os porquês? Porque não dizem tudo! Uma criança precisa de perceber e saber porque. Se dizem que o céu é azul sem dizer porque. Podia ser verde, não podia?
Ficamos mais crescidos e já não precisamos dos cotas para nada. São velhos e pouco sabem. Escondem as coisas que nós conhecemos melhor do que eles. Sabemos mais de computadores de telemóveis e playstation de que qualquer pai ou mãe deste mundo.
São mesmo uns atrasados moralistas. Não chegues tarde! Cuidado com os rapazes! Tem cuidado com as raparigas, pois elas querem todas o mesmo. Mas o mesmo o que? Nós conhecemos melhor as gajas do que todos os pais juntos. Que seca!
Conseguimos, apesar de tudo, sobreviver e começamos a ser crescidos. Não tarda começa o suplicio do entra ou não entra para a Faculdade. Os meus filhos têm que ser doutores. Não interessa de que, mas tem que ser doutores, ou engenheiros ou arquitectos. Não quero que sejam como eu, desgraçado que toda a vida trabalhou para os outros a encher o cu aos patrões.
Vão ser doutores e pronto.
Que importam que vão trabalhar para a caixa de Supermercado ou atender telefone num call center, mas são doutores.
Curso acabado ou não, começa o inferno. Manda curriculum, vai a entrevista, mete cunha. Nada, tem habilitações a mais, ou, as suas habilitações não servem.
Que fazer? Tenho uma licenciatura, eu sei que o nome é esquisito e que só quem tem o curso a conhece, mas é uma licenciatura, Pronto!
Que hei de fazer? Vou continuar a viver a conta dos velhos, que afinal sabem mais do que eu pensava. Até que o velhote é “bué da esperto” e a velha tem cá umas mãos!
Que seca, não foi para isso que eu vim ao Mundo.
Que fazer?

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Salvé 13 de Novembro......




Mais um na conta da vida.
È dia de festa, os nossos corações estão festivos.
Que saltem as rolhas do Champanhe, que as fatias do bolo encham os nossos pratos.
Cantemos pois com alegria:
Parabéns a você nesta data querida, muitas Felicidades, muitos anos de vida.

Parabéns Ana Teresa.




terça-feira, 11 de novembro de 2008

A Familia..............



"No Estado pode haver vários chefes; na família só pode haver um." (Aristóteles)

A minha família vai-se diluindo no tempo.
A morte vai inexoravelmente fazendo a sua ceifa.
Fica a saudade e a certeza de que um dia iremos ser recordados como agora recordamos os que partiram.
É a vida, dizem os mais práticos, é a morte, digo eu.
A lógica não existe.

* * * *

Cravos Vermelhos
(Florbela Espanca)


Bocas rubras de chama a palpitar,
Onde fostes buscar a cor, o tom,
Esse perfume doido a esvoaçar,
Esse perfume capitoso e bom?!
Sois volúpias em flor! Ó gargalhadas
Doidas de luz, ó almas feitas risos!
Donde vem essa cor, ó desvairadas,
Lindas flores d´esculturais sorrisos?!
…Bem sei vosso segredo…Um rouxinol
Que vos viu nascer, ó flores do mal
Disse-me agora: “Uma manhã, o sol,
O sol vermelho e quente como estriga
De fogo, o sol do céu de Portugal
Beijou a boca a uma rapariga


Olá amigo!


O destino tem quatro direcções diferentes.
(Mia Couto)


Foi em 1975 que nos cruzamos no mesmo lado da barricada.
Agitamos a mesma bandeira, colamos os mesmos cartazes.
Tivemos o mesmo 25 de Abril.
Era o romantismo da Revolução que nos animava.
A nossa luta era a luta dos que acreditavam.
O mesmo clube nos despertava as emoções e o sofrimento.
Sim, ser do Sporting é para sofredores.
Foi assim que nos tornamos amigos. Primeiro por ideais, depois porque
a amizade nasce do nada.
Ser amigo do Fernando é fácil, porque ele sabe o que é a amizade e
cultiva-a todos os dias.
Trilhamos muitos caminhos em comum.
Nós e outros amigos que da vida já se despediram.
Nada nem ninguém, pensávamos nós, nos podia separar.
Mas o ciúme pode mais que todas as maleitas.
As nossas vidas seguiram rumos diferentes.
Sempre tão próximos e sempre tão longe.
Mesmo afastados continuou a ser o meu melhor amigo.
Passaram 34 anos e o nosso percurso cruzou-se outra vez.
Não falamos do passado, falamos de nós.
Não lamentamos o que não merecia ser lembrado.
Trocamos um abraço e tudo recomeçou como antes.
Continuamos a ser os melhores amigos.
Agora nada nos irá impor outros 34 anos.
Já não é possível.
Não temos tempo!



sábado, 8 de novembro de 2008

Peço perdão......


Explicar o inexplicável é impossível, pelo menos é difícil.
Sentir uma grande amizade e simpatia por alguém que não conhecemos é, acho eu, pouco comum.
Mas acontece e, eu tenho essa grata experiência.
De uma forma apenas curiosa fui espreitar o BlogdaFilipinha e fiquei fã.
Descobri alguém que nos desnuda os seus sentimentos.
Nos transmite com muita energia o que lhe vai na alma.
Solta, num grito de revolta ou num lamento as desditas do dia a dia.
Agradece com efusão os pequenos bens que a vida lhe concede.
Transmite-nos de forma precisa, clara e fresca os pequenos momentos do quotidiano.
Não a conheço mas, atrevo-me a dizer que é uma mulher transparente, determinada mas um pouco indecisa. Estou enganado?
Mas pouco importa o que seja ou como seja, o importante é que faz parte deste mundo da Blogosfera e que me permite, dia a dia, beber a seiva dos seus pequenos mas enormes apontamentos.
Força, continue.
Estarei sempre à espera.


quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Requiem aeternam dona eis






Que se vão da lei da morte libertando...
(Camões)



Gostava de perpetuar em frases minhas a memória de um tempo.
Gostava, verdadeiramente, de ter a força e o engenho para deixar
para além de mim o tributo de um amor e de uma devoção.
Queria ser poeta e ter a magia das palavras para erguer um poema
que fosse a epopeia de uma vida.
Quem me dera poder talhar na pedra o vulto grande que me envolve,
pintar na tela a imagem de uma saudade que dói e que consome.
Poderia, talvez, ser trovador para levar por esse Mundo fora a cantiga
que tornasse imortal a dor que me oprime.
Quem nos governa nada me deu, apenas me deixou as lágrimas para verter,
um coração para albergar a saudade e o pensamento que me perturba e oprime.
De resto nada mais!
Esse Deus que muitos veneram e idolatram é apenas o refúgio para explicar o inexplicável.
È a desculpa para camuflar a dor e o infortúnio.
Esse Deus, a existir, não poderia ser tão cruel e impiedoso.
Não iria cercear a flor que está no apogeu da vida.
Não seria capaz de roubar a essência à existência, de escurecer a luz que nos ilumina,
de tirar a seiva que nos alimenta.
Como poderia ser tão injusto? Tão ilógico? Tão impiedoso?
Não posso crer em quem não me dá razão para acreditar.
Fostes tu, Deus, que assim me tornastes.
A culpa é tua!





Para si.....


Nem a luz da tarde me comove: entendo-a.
(Cristovam Pavia)


Foi no dia 16 de Janeiro de 1995 que timidamente, como é natural, entrei numa nova experiência de trabalho.
Era tudo estranho, as pessoas, os métodos e a comunicação.
Era um Mundo fechado para que não estava talhado. Parecia que todos faziam parte de outra dimensão.
Não estava habituado, estava confundido e deslocado.
Foi aqui neste meio que de repente algo me disse que afinal talvez não fosse bem assim, porque havia alguém diferente, solidário e que simpaticamente quebrou a solidão dos meus pensamentos.
Um sorriso aberto, a oferta de uma amizade, foi o elo de ligação entre o que pensava e o que passei a pensar.
Os receios, de repente, foram diluídos pelo apoio que vislumbrei, pela mão que se estendeu, pela solidariedade de que me apercebi.
Depois, foi o cimentar de uma amizade pura e desinteressada, foi uma empatia e cumplicidade crescente.
Partilhamos as arrelias do trabalho, os pequenos descansos da hora do almoço num salutar calcorrear de lojas e montras.
Fomos confidentes dos pequenos segredos, das alegrias e dos momentos menos bons.
Senti a sua presença e apoio forte no pior momento da minha vida.
Foi fantástica na solidariedade e na forma como chegou junto dos meus amigos para lhes transmitir a minha dor.
Nunca esquecerei!
Continuámos, sempre, a ser solidários e a manter num nível muito elevado esta amizade, que fomos alicerçando e estendendo aqueles que fazem parte do nosso quotidiano.
Hoje, separados, profissionalmente, continuamos solidificando-a dia a dia.
A família já a compartilha connosco.
Mulher determinada, que sabe o que quer, que olha de frente para o futuro com objectivos bem definidos.
Amiga dos seus amigos, sempre pronta a ouvir e a dar a palavra de conforto e o conselho certo.
Apaixonada pela vida, pelo marido e pelo fruto de um casamento abençoado.
“Escorpião” em toda a plenitude. Capaz de perdoar mas, cuidado, não a queiram ver do avesso.
Para si, Ana Teresa, menina do sorriso encantador, esta pequena homenagem num dia muito especial para vós e para o vosso lindo rebento.
Obrigado pelo privilégio de me ter no rol dos seus amigos.
A Ilda compartilha comigo este pequeno tributo.
Sou vosso amigo e por isso me considero muito feliz.
Muito OBRIGADO!






terça-feira, 4 de novembro de 2008

Para ti com amor....


A suprema felicidade da vida é termos a convicção de sermos amados
(Vítor Hugo)


Tenho pena de nos termos encontrado já na volta da vida.
Não é por nada, é só porque nos resta menos tempo.
Podíamos ter corrido o Mundo de uma forma diferente.
Poderíamos, quem sabe, deixar algum legado que nos perpetuasse.
Teríamos caminhado com menos cansaço.
E seria mais fácil apreciar o fruto da sinfonia dos teus tachos e panelas, sem o receio do engordar que a idade nos trás.
Eu sei que tens nos teus olhos escondido o desgosto de não teres o Natal que te fizesse feliz. Eu também tenho, por razão diferente, essa falta.
Como gosto de partilhar a tua felicidade quando deixas a imaginação nos bonecos que são o “hobby” dos teus momentos.
Nas Ceias de Cristo, nos pretos sensatos, nos anjos trovadores, e num nunca acabar de figuras que me encantam.
Nesses instantes, abstraída de tudo, pareces diferente, pareces feliz.
Eu sei que me proteges como nunca ninguém, desde a infância, me protegeu.
As pequenas coisas que preciso, quando as procura já estão à minha espera.
Sei que, como eu, és teimosa. Mas as nossas teimosias são salutares.
Não levam a nada, mas servem para mostrar que não nos afectam.
Teimamos e pronto, ninguém ganha.
Temos as nossas casmurrices, mas de uma maneira diferente.
Sem restos e sem azedumes.
Gostamos de andar de mãos dadas. De conhecer. De viajar
È bom seguir ao teu lado, ver quanto te apoias em mim.
È bom ter-te ao pé e saber que tudo farás para que nada me falte.
Caminharmos sem receios do amanhã, firmes e confiantes porque estamos ao lado um do outro.
Sem medos.
Eu sei, Ilda, que um dia me fecharás os olhos com ternura e carinho.
Eu sei que esse dia chegará, mas não me importo porque te terei junta a mim.
Obrigado por seres quem és. Como és.
Obrigado por seres a minha mulher.