terça-feira, 28 de abril de 2009

Sonhar......



Nada nem ninguém nos pode coarctar todos os desejos.
Todos temos direito a sonhar, todos podemos ter anseios de fantasias para realizar.
Sonhar é uma das poucas liberdades do homem, sem ter necessidade de permissões, licenças ou qualquer outra burocracia que os outros humanos inventaram, para cercear os desejos e os ensejos de todos nós.
Quem nos pode impedir de ambicionar, mesmo em sonhos, de alcançar aquilo, que sabemos, que nunca teremos na vida?
Sonhar é a liberdade de ter o que nunca tivemos, ou de voltar a ter aquilo que já perdemos.
É o querer estar com quem já não o podemos.
É o desejar andar onde nunca poderemos caminhar.
É o pensar que somos o que queríamos esquecendo que somos o que nos fizeram.
É o desejar esquecer como se fosse possível passar uma borracha e começar de novo.
É a ambição de voltar ao passado e realizar o irrealizável.
Sonhar é ter dentro de nós a ilusão de alcançar aquilo a que nunca chegaremos.
Sonhar é a riqueza dos pobres e a fortuna dos que nada têm.
Para mim sonhar é, quase, uma utopia, uma quimera uma ilusão.
Tenho esperanças de um dia voltar a sonhar!


sexta-feira, 24 de abril de 2009

E amanhã...já lá vão 35 anos....



Como me lembro daquela madrugada em que o telefone me atirou para a rua.
Foi um raiar diferente, foi um andar de braço dado na expectativa do que vinha a seguir.
Foi um desfraldar de bandeiras e um gritar das vozes que há tanto estavam oprimidas.
Foi uma festa, uma euforia, um apregoar de reivindicações loucas, impensáveis, fruto de quem viveu sempre no desconhecimento da democracia.
Foi o esquecer de que a liberdade de cada um, começa onde acaba a dos outros.
Foi o atropelo louco, o lançar dos “ismos” até então desconhecidos de muitos.
Foi um empurrar de ideias, de tentar impor as nossas à dos outros.
Andei perdido, como muitos outros, na loucura de plenários, reuniões de trabalhadores.
Fui Delegado Sindical, Membro da Comissão de Trabalhadores.
Militei em Partido Politico, mentor e fundador de uma Secção desse Partido, membro da Comissão Instaladora, responsável pelo Órgão Informativo. Fiz bancas e organizei festas para angariação de fundos.
Fui convidado para Presidente de uma Junta de Freguesia e para candidato a uma Autarquia.
Recusei, tal como recusei também quando, de forma subtil, me tentaram censurar o boletim informativo.
Bati com a porta, tive que mostrar aos “aviaristas” que não estava ali por acaso.
Eu tinha um passado, eu tinha uma história de luta contra o conformismo e as mordaças.
Eu aguentei, como muitos outros, a cargas policiais aquando das manifestações do General Sem Medo.
Estive no Congresso Democrático de Aveiro e distribui as suas conclusões, enquanto os oportunistas de 26 de Abril estavam comodamente no aconchego do lar.
Não me foi necessário deixar crescer a barba, pois dentro de mim estavam todos os ideais porque sempre lutara.


Um meu grande e querido amigo escreveu, há anos, um livro sobre o “25 de Abril explicado ás crianças” e brindou-me com um exemplar.
Tinha uma mensagem singela “ao Manuel que nos disse que o 25 de Abril estava na rua.
Nada me podia saber melhor, porque esse homem foi quem me ensinou os ideais da democracia e me mostrou que a liberdade se pode conquistar.
A ele o meu muito obrigado.
Voltava a trilhar, ao seu lado, os mesmos caminhos.
Obrigado A.P.


terça-feira, 21 de abril de 2009

Eu acreditava.....



As religiões são como os pirilampos, só brilham no escuro (desconhecido)



Eu acreditava. Seguia todos os passos que a cartilha me ensinara. Era medroso na fé que me incutiram. Cumpria com todas as estafadas regras de uma Igreja caduca que ainda vive agarrada a ideias já há muito ultrapassadas. Ia à missa, agradecia todas as refeições que EU ganhara. Rezava e pedia por tudo e por todos. Acreditava numa justiça divina, numa razão em que os bons seriam sempre lembrados, sem esquecer que os maus eram filhos do mesmo Deus. Vivi muitos anos agarrado a esse Deus que tudo me prometia e que afinal tudo me tirou.
Pedi, implorei e ofereci a minha vida. Ninguém me ouviu, todos me abandonaram, fiquei só. Perdi a crença, esqueci a fé, reneguei a vida.
Hoje ando porque tenho que andar, vivo porque querem que eu viva. Deixei de sonhar, perdi o amanhã. Existo, tal como a Igreja, num passado que me vai devorando lentamente.
Viver sem fé e sem esperança é difícil. Viver só de recordações é doloroso.
Quando acreditava era feliz.
Roubaram-me a confiança, levaram-me a felicidade.
Hoje não acredito e sou infeliz.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Tenho um sonho......




Eu tenho um sonho. Eu sei que é quase irrealizável, senão impossível. Mas tenho esse sonho!
Eu gostava de perceber as mulheres. Sei que é difícil, mesmo irrealizável.
As crianças são transparentes. Os homens previsíveis.
As mulheres são enigmáticas, fechadas e difíceis de contentar.
Nunca estão satisfeitas, querem sempre mais. Gostam de receber muito e dar pouco.
São ciumentas, possessivas, inconformadas.
Gostam de mirar os homens, admiram muitos e sonham com alguns.
Acham normal. Se calhar até é!
Mas se um homem olha, de soslaio, um rabo mais audacioso é um drama.
Se um homem contempla uma revista de corpos bonitos é um porco, mas elas podem olhar. Para elas é tudo inocente. Para eles é maldade.
Uma mulher pode encontrar-se com um amigo e ir almoçar. É vulgar. É amizade!
Se o homem vai almoçar com uma amiga é estranho. Há interesse escondido, é pecaminoso.
Mas que fazer, são assim.
Não há outras e, já, não as devem inventar.


segunda-feira, 13 de abril de 2009

Já não sabe a idade.......



Já confunde a idade, pois os anos passados têm-lhe desgastado o corpo e a memória.
Olhos fundos e encovados têm um brilho de memórias encerradas num cérebro gasto pelos anos decorridos.
Na cadeira do lar olha um infinito de reminiscência e recordações e sorri com um sorriso desdentada.
Olha em volta e fita um longínquo horizonte de lembranças que o tempo vai apagando. As mãos, pergaminhos de seda, entrelaçam-se em gestos delicados.
Fala, com voz suave e pausada, de coisas da vida, coisas de um passado longínquo que guarda e que vive.
Esquece o momento, baralha as refeições, não sabe o agora, mas tem presente um tempo afastado de recordações que confunde ao sabor das suas fantasias.
Sente-se como quando a mãe lha arranjava as tranças e quando o pai, pelo mão, a levava a ver o circo montado no Largo da Igreja.
Sabia que era a rapariga mais bonita nos bailes da aldeia.
Lembra o dia do casamento, brilhando nova, num velho vestido de noiva que já fora da mãe.
Recorda os momentos em que os filhos nasceram, como cresceram e como um dia abalaram.
Tem no pensamento as desventuras de uma vida difícil, amargurada mas cheia de recordações, que alimentam uma velhice que se vai diluindo nos intermináveis dias de um lar.
Foi uma princesa, quiçá uma rainha.
Teve brilho nos olhos e na pele rosada a maciez do pêssego.
Foi invejada por muitas mulheres, muitos homens a olharam com admiração.
Agora, como vela bruxuleante, vai-se apagando lentamente. Dia a dia.
Na boca, desdentada, o sorriso velho e apagado vai iluminando o que resta de uma vida longa e desgastada.
Mas sorri, sorri sempre como se o amanhã fosse eterno.


quarta-feira, 8 de abril de 2009

Que pena acordar......




Era um entardecer dourado. O Sol ia caindo num horizonte longínquo e deixava um começo de noite mágica.
As ondas espraiavam em calmas línguas de espuma que se diluíam voluptuosamente na areia quente.
Estávamos todos espreguiçados no remanso de um fim de dia tranquilo.
As raparigas tagarelavam enquanto os rapazes as olhavam embevecidos.
Puxei da minha viola, acariciei-a com carinho e deixei deslizar com suavidade os meus dedos pelas suas cordas.
Deixei-a gemer acordes de uma canção que me bailava nos ouvidos.
A música encheu a noite e as estrelas começaram a salpicar um céu que se ia confundindo com o manto escuro que o cobria.
As notas da viola multiplicavam-se em harmónicos sons contagiantes.
As vozes entoaram na cadência dolente do fim de um dia quente.

....Olha que coisa mais lindaaaaa.......
.... É ela menina....que vem e que passa.........................

O ritmo apossou-se dos corpos, os quadris ondulavam ao sabor do som em requebros quentes de volúpia e sensualidade.
O trinado subia em espirais e enchiam os nossos ouvidos e electrizavam os nossos corpos.
As raparigas estavam possuídas de uma loucura de emoções e bailavam em requebros estonteantes de puro deleite, em derrengues de fantasias que os seus corpos electrizantes inventavam para acompanhar o ritmo que as embalava.
O Mundo estava todo ali, na magia de um entardecer de sonhos.


De repente acordei acariciando a minha almofada e dedilhando cordas inexistentes.
Mas que foi lindo....foi!!

Eu tenho um sonho......



Eu vivo com papéis, eu sonho com papéis, eu estou farto de papéis.
Quero-me libertar, quero ser livre.
Quero ir de férias sem pensar no monte que se irá acumular.
Quero ir para a cama sem levar na cabeça todos os que na minha secretária esperam por mim.
Estou atulhado de facturas, de débitos, de créditos, documentos bancários e de tantos outros que a burocracia inventou.
Estou cansado de ordenar, classificar, analisar, lançar e arquivar.
Estou cheio de balancetes, extractos, contas-correntes, balanços, actas e todas as outras merdas que me dilaceram o pensamento, me corroem a tranquilidade.
Eu quero fazer, com todos os meus papéis, uma pira que me liberte, um fogo em que os possa imolar um a um, metodicamente, sadicamente, gozando deliciado toda a labareda que os consuma.
Quero ver os meus olhos rebrilharem com a luz da chama que os vai consumindo e os transforme em espirais de fumo, em rolos esfiapados que se diluem no espaço.
Quero dançar sobre as cinzas libertadoras, pular de alegria e ser livre.
Finalmente!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Desafio.........



Seguindo o desafio da Filipinha vou dar o meu contributo nesta brincadeira.

Ora aqui vão as minhas respostas começadas por M.

1. Qual seu nome?.................................. Manuel
2. Uma palavra de nove letras:................... Marmelada
3. Um nome de menino:.............................Martim
4. Um nome de menina:.............................Mariana
5. Uma profissão:.................................. Motorista
6. Uma cor:........................................ Marron
7. Uma bebida:..................................... Moscatel
8. Uma comida:..................................... Macarrão
9. Alguma coisa que se encontra no W.C........... Meias
10. Um lugar:..................................... Moura
11. Uma razão para se atrasar:................... Mulher
12. Algo que se grita:..............................Merda!!!