sábado, 27 de junho de 2009

Ciúmes.....



Olhos fundos, lagos de ódio.

Um azul de emoções, setas apontadas, ciúme que mata.

Calafrios, mil corpos, noites escuras, mesclas de ironias, sorrisos matizados,

Ódios e vinganças, suspeitas que cegam, amores acabados.

Lábios entreabertos, pérolas de sangue escarlate, voz rouca de choro abafado.

Nervos sofridos, ameaças veladas, vinganças de posse e desejo.

Corpo ondulante, curvas simétricas, espirais de desejos, rancores incontidos.

Arma que ladra, som do trovão, bala que mata.

Corpo que tomba, que contorce, que quer respirar mas não respira.

Sangue que jorra, vida que foge, esgar de dor, sorriso que morre, vida que abala.

Suspeita acabada, amor que ficou, paixão que se mata num corpo caído.

Algemas que fecham, um choro abafado.

Amor que finou, amor terminado.

Férias........

Meus amigos, peço desculpa mas estou:

Andarei assim:

Por aqui:

Podem crer que:


Não tarda estou de volta, mas agora estou mesmo:


Aproveitem para ouvir.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Vou de Férias......




-Mãe vou de férias.

-Mas vais de férias para onde e com quem?

-Isso ainda não sei.

-Não sabes?

- Vou de férias e pronto. Todas as minhas amigas vão de férias e eu também sou gente.

-Mas tu és mais maluca do que eu pensava. Tu perdeste todo o juízo.

-Mas mãe eu também tenho direito a férias. Não tenho?

-Tens como? Estás há três meses neste emprego, o que já é um recorde, e queres já férias? A tua vida tem sido umas férias pegadas.

-Emprego arranjo outro, o que não arranjo é quem me leve de férias.

-Ainda bem!

-Falei ao Augusto não me leva porque vai com a mulher, o Arnaldo não me atende o telefone, o Manuel diz que vai se eu pagar metade das despesas, o Chico mandou-me aquela parte, o Quicas vai acampar e eu disso não gosto, aquilo são só formigas e essas gaitas assim. Acampar não quero. Pronto!

-Valha-me Nossa Senhora que esta rapariga perdeu o pouco juízo que ainda lhe restava.

-Mas tu também estás sempre contra mim, também mãe.

-Vamos combinar uma coisa, aguentas e no Natal vamos até á minha terra.

-Àquela saloiada, não tas boa. No Inverno com um frio do caraças a ouvir as histórias parvas do tio Agostinho. Nem penses.

-Parva és tu! Quem te dera chegares aos calcanhares do teu tio.

-Só se for pelo guito!

-Só pensas no dinheiro, só pensas em ti. Egoísta, nunca vais passar de uma inútil.

-Quero lá saber dessas merdas, eu quero é arranjar um bacano que me leve com ele de férias.

-Arranja. Vai e fica lá, será um descanso para todos.

-Oh mãe, também não sejas assim. Tu não sabias passar sem mim. Pois não? Ajuda-me lá.

-Maria Inês, mas como te posso ajudar, filha?

-É fácil, empresta-me dinheiro e eu posso ir com o Manuel.

-Que hei-de fazer?

terça-feira, 23 de junho de 2009

Hoje 24 de Junho.....




E dois anos vão passados, são 731 dias de uma vida.
Começou de forma sub-reptícia, quase a medo, envergonhado, furtivo e escondido de tudo e de todos.
Primeiro fui ao encontro de como se faz um Blogue?
Seria capaz?
Mas se os outros o faziam, porque não eu?
Depois mãos á obra e á descoberta.
Passo a passo e consegui.
A seguir veio o entusiasmo e a emoção de ver os meus escritos neste Mundo imenso da Internet.
Senti-me, quase, importante. Parecia-me ter os meus primeiros momentos de glória.
Muitas vezes pensei desistir mas a vontade e o estímulo dos amigos não deixaram e, continuei.
Hoje faz dois anos.
Estou feliz, estou mais rico. Ganhei o bem mais precioso, novos amigos.
Obrigado por me terem ajudado com o vosso estímulo e palavras lisonjeiras.
Espero que me continuem a acompanhar.
Estarei sempre, á vossa espera.
Sem vós não tinha razão para continuar.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Amigos......



Um meu amigo que muito prezo e admiro mandou-me esta mensagem:

“É verdade. Ainda não lhe disse que gosto muito dos seus textos. Embora tristes ou melancólicos, são cheios da riqueza de alma que alguns de nós temos o privilégio de conhecer ou, por vezes intuir. Mas que no blog se revela, mais descoberta.
Um grande abraço”

São estes pequenos mimos que me motivam, me envaidecem e me dão a alegria que tantas vezes me falta.
Eu sei que tenho que contar com a benevolência que a amizade motiva, com a bondade que os olhos defendem e com a indulgência que a afeição acarreta.

Mas que fico feliz, isso fico.

Obrigado, AMIGO, por tornar mais ténua essa tristeza e melancolia que, de facto, me acompanham.


domingo, 21 de junho de 2009

As tuas mãos.....




Senti a tuas mãos percorrerem o meu corpo em espirais de carícias.

Deixei as minhas enredarem-se nos afagos loucos do teu calor.

Corpos colados numa amálgama de loucura e prazer, num emaranhado de emoções, espirais de desejos loucos.

Tremores de suspiros abafados no calor húmido de lábios sequiosos, laivos de emoções em gritos de prazer colados em corpos suados.

Movimentos descontrolados em ritmos de loucura e em arrepios de seivas brotando.

Amores incontidos, rebentando na voluptuosidade dos movimentos descoordenados, no ritmo louco da voracidade do desejo.

Espirais de fogo ardendo na explosão de vida.

Corpos cansados no arfar da languidez dos desejos dormentes.

Encantamento em afagos de amores saciados.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

No Hiper........



Eram as três lindas.
Os meus olhos ficaram presos em todas mas, o meu coração bateu mais forte com a graça e a forma adelgaçada da que estava no meio.
Tinha algo de especial. Era o que eu há muito sonhava.
Esguia, alta e com um ar de quem iria ser minha companheira.
Tinha umas linhas que me seduziram, um ar que me enfeitiçou.
Paixão à primeira vista? Amor ao primeiro olhar?
Não sei!
As outras duas também tinham os seus encantos, mas o meu coração batia de forma diferente.
Tinha um ar mais frágil? Podia ser só aparência.
Tinha as formas menos robustas? Mas parecia forte.
Apetecia-me afaga-la, passar as minhas mãos e contornar, suavemente, todas as suas curvas.
Queria monta-la.
Queria experimentar o gozo de a sentir debaixo de mim.
Queria que fosse minha.
E ia ser.
Pronto! Acabei por comprar a bicicleta.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Entardecer...



Ao longe uma bola de fogo ia mergulhando num horizonte longínquo. As gaivotas ensurdeciam em redor dos barcos que calmamente voltavam da faina.

Maria Inês, deitada na sua toalha, não mostrava vontade de deixar a praia no final deste acalorado dia de verão.

Ao fundo, no imenso Oceano, a silhueta dos barcos davam uma imagem romântica a este entardecer dourado.

Inácio, esparramado na cadeira da esplanada do restaurante, fazia argolas com o fumo de um cigarro meio consumido.

Parecia olhar de forma casual a longa fila para o autocarro, onde os corpos moídos por um dia de calor intenso, se iam diluindo no interior do veículo, num acotovelar apressado e na ânsia de um lugar sentado.

Maria Inês parecia indiferente, mas era uma indiferença aparente pois os seus olhos estavam fixos na forma descontraída como Inácio fazia pequenas espirais de fumo.

Inácio parecia entediado na forma displicente como se fixava em tudo o que á sua volta girava, fixando de forma distante a paleta de cores que o entardecer deixava no horizonte longínquo.

Maria Inês não sabia o que fazer. Aquele homem toda a tarde a fixou de uma forma interessada. Ela sorrio, mais de que uma vez, na expectativa de um avanço, mas ele ou não percebeu ou a timidez não o deixou retribuir.

Achou-o muito atraente e com um charme diferente de todos os outros que enxameavam a praia. Tinha um olhar firme e confiante e a forma voluptuosa como a fixava podia ser a promessa de um princípio de algo muito interessante.

Agora ela estava ali, especada, na esperança que ele se decidisse a um sorriso, a um gesto, a uma palavra de avanço, mas Inácio, continuava absorvido no cigarro que lentamente se consumia entre o amarelado dos dedos.

Maria Inês começava a desesperar, quando Inácio se levantou. Calmamente abriu uma pequena bengala retráctil e, com gestos seguros, foi tacteando o caminho na procura da paragem do autocarro.


terça-feira, 9 de junho de 2009

Oh pai......




-Oh pai, eu pedi uma mana e porque é que vocês me deram um mano que não fala?

-Já te expliquei que não se pode escolher e o mano não fala porque só tem um mês.

-Mas pai, eu queria um que falasse comigo.

-Querida os bebés de um mês não sabem falar.

-Mas porque?

-Porque ainda não tiveram tempo para aprender.

-Pois, ele está sempre a dormir ou a chorar, não pode ter tempo para aprender.

-Não é assim. Ele vai crescer e depois já fala com a mana.

-Quando pai?

-Oh querida, para ai dentro de um ano.

-Um ano é quanto tempo?

-Sabes quando fizestes 5 anos e os papás te deram a bicicleta cor-de-rosa? Agora vais fazer 6 aninhos e isso é passar um ano.

-Mas isso é muito tempo.

-Passa muito depressa, vais ver.

-Mas até lá podias por na barriga da mãe uma mana que já soubesse falar.

-Tens cada ideia.

-Achas pai, é boa ideia não é?

-Não seja tonta e vai brincar, o teu mano está a chorar e vou ver o que é?

-Eu sei porque ele chora e sei porque ele faz cocó e xixi na fralda.

-Espertinha, então porque?

-É fácil, chora porque quer a maminha da mamã e faz cocó e xixi porque é porcalhão.

-Vai brincar rapariga. Estás impossível!

Sonhar é bom.....



Eu gosto de sonhar.
Mesmo acordado deixo a minha imaginação levar-me aonde, já, nada mais me pode conduzir.
Regresso ao passado, ando por caminhos que já trilhei.
Volto a um Alentejo onde os meus avós, me deixavam ser um príncipe livre e encantado.
Sinto-me a correr por campos, entre estevas, pisando as flores amarelas que atapetam os torrões secos.
Brinco fazendo bonecos com as papoilas. Corro atrás dos pulos dos gafanhotos.
Tento surpreender, antes dos saltos, as rãs que papejam pousadas numa pedra da poça.
Persigo as borboletas que rodopiam entre as amareladas flores da carqueja.
Oiço os gritos de quem me leva.
-Põe o chapéu na cabeça.
Um chapéu de palha com uma fita branca.
Serve para tapar do Sol e para guardar qualquer bicho, mais afoito, que consigo surpreender.
Não era este que eu queria, eu pedi um chapéu de cowboy.
Está ali um cágado! Pachorrento entra na água e desaparece entre as pedras do fundo do charco.
As abelhas zumbem á volta de um tronco de uma velha azinheira.
Ao longe uma vaca, pachorrenta, masca as secas ervas que restam no solo.
O Sol torra e as aves ficam bem recolhidas numa sombra que as proteja deste braseiro de um Agosto solarento.
Sinto que o Mundo é todo meu, tenho a liberdade que em todos os outros dias me falta.
Á noite, junto á luz de um bruxuleante candeeiro a petróleo leio, embevecido, umas páginas do “Olhai os Lírios no Campo” de Eurico Veríssimo e deixo-me conduzir pelo emaranhado da história de Eugénio e Olívia, até que o sono me vença.
Amanhã, quando acordar, vou fazer com uma cortiça que encontrei, o mais lindo carro puxado por dois machos.
Depois, vou andar á volta da nora a acompanhar o burro que, de olhos vendados, percorre um caminho imaginário.
Gosto mesmo de sonhar.
Gosto de voltar aos tempos em que a felicidade foi minha companheira.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Calimero......



Avançava para mim de uma forma lasciva. Os bicos dos peitos, rosados, apontados como dois dardos às carícias das minhas mãos, os lábios carnudos quais duas cerejas maduras, pareciam, prontos a serem devorados pelos meus, sequiosos e sedentos das promessas que se adivinhavam.
Era o encantamento total, o êxtase, a loucura, o vibrar de toda a magia que o momento iria proporcionar.
De repente um estridente, trrriiimmmmmmmmmmmmm..., matou o encanto.
O despertador acabou com o sonho, o feitiço desapareceu e a gaja foi com ele.
O dia começava mal, um bom sonho quebrado por este traste velho que todas as manhãs, de forma mecânica, me tira do descanso para a luta diária.
Como sou muito metódico deixo, á noite, tudo preparado para que o despertar não seja tão doloroso.
Está tudo a jeito. O café é só ligar a máquina e o pão é só colocar na torradeira..
Tudo se vai arranjando enquanto faço a barba. Tarefa diária. Suplício masculino.
Porra! Já me cortei, lá tenho que estancar o sangue com algodão e água oxigenada.
Cheira a queimado. Meu Deus as torradas.
Não tenho tempo, é raspar e aproveitar o possível.
Raios, sujei a camisa de café. Tudo me acontece, tenho que vestir outra.
Começo a ficar atrasado. Toca correr escadas baixo. A porcaria do elevador está sempre fora de serviço. Um dia tenho que reclamar.
Só me faltava mais esta. Mal ponho os pés no passeio piso merda de cão. Malditos donos, que raio! Porcos!
É raspar na borda do passeio e esfregar na relva. Que cheiro horrível para começar o dia não está nada mau!
Oh...pá, isto é demais! Esqueci as chaves do carro, não podia deixar de ser, as da casa estão juntas. Que azar o meu!
Resta-me correr para a camioneta. E eu que nem sei os horários. Seja o que Deus quiser.
Tenho sorte não está ninguém na paragem.
Meia hora depois lá vem ela, dengosa, velha, pintada de laranja.
Só duas pessoas na camioneta? Que se passa? Não acredito, oiço dizer tanto mal e afinal não é bem assim.
Vai um negro, auscultadores no ouvido, balouçando a cabeça ao ritmo da música. Uma senhora de mais idade, deixa duas agulhas bailarem nas mãos, entrelaçando, de forma ritmada, as linhas numa renda que vai nascendo.
A viagem é fastidiosa e sinto todos os solavancos, de uns amortecedores velhos e cansados a marcarem a minha coluna.
Finalmente a chegada e a corrida para a estação do metro.
Deve estar apinhada como de costume. Já me imagino apertado entre as mamas gordas de uma matrona e o cheiro do sovaco de um cabo-verdiano.
Estou a imaginar o meu chefe, o Senhor Lopes, com um ar de beato em dia de quaresma, a resmungar por este atraso.
Eu não tenho culpa, afinal EU sou o Qualimero desta desgraça.
Que é isto? Estação vazia e uma carruagem, quase, só para mim. Esta malta anda sempre a dizer mal de tudo e, afinal os transportes não são assim tão maus. É mesmo só vontade de falar.
Vou chegar a horas e ainda vou ter tempo para um cafezito antes de enfrentar a fera.
-Bom dia, uma bica faz favor.
-Para já. Hoje por aqui?
-Como todos os dias, qual a admiração?
-É que aos feriados não é costume!
Acabou de me cair o Mundo na cabeça. Vejam lá a sorte de um homem.



Sou ou não sou um Calimero?

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Obrigado......



Com a dignidade com que percorreste o longo caminho desta vida assim nos deixastes.
Calma, doce e com muita dignidade.
Na prédica, o padre, emocionado com a serenidade do teu rosto embargou a voz e com as lágrimas nos olhos disse que lhe parecia estar a contemplar a imagem da própria mãe, que tal como tu , partiu desta mesma forma tão doce e tranquila.
Na tua despedida não faltaram todos os que te amavam e que te manterão para sempre na memória.
A tua irmã Mariana, o teu neto Paulo, os cunhados António e José, os teus sobrinhos António, Elisabete, Francisco, José, Josefa (com o marido e filho),
os amigos Aurora e marido, Bety e a mãe, Flores e muitos outros que anonimamente passaram.
A minha outra família, que também foi tua, não me abandonou e com a sua presença tentaram minorar a minha dor.
Estiveram, sempre, connosco os meus cunhados Ermelinda, Isabel, Nunes e Zé, os meus sobrinhos Adolfo e Sónia.
Os amigos Cláudia, Elisabete, Emília, Henriques, a minha querida Ana e o marido Josa.
O telefonema da Amália, as mensagens carinhosas da Filipa, do Eng. João Bugalho e da Virginia.
O beijo enviado pelo pequeno João e pela Telma.
A mensagem de saudade dos teus companheiros do Lar.
Quero, também, de uma forma muito especial realçar a tua nora Ilda, que foi nestes últimos anos o teu Anjo da Guarda e que nestes derradeiros momentos, tratou de tudo o que havia a tratar e, que ainda teve alento para me dar a mão e me manter a força que já me ia faltando.
A todos, por ti e por mim, a minha gratidão.
Será que esqueci alguém? Se sim, que me perdoem.
Até um dia.