quinta-feira, 30 de julho de 2009

Tá o mundo perdido.




Ando preocupado com o meu amigo Serafim. Ele anda maluco e, ainda, acaba por arranjar problemas, mas não sei o que fazer para lhe por algum juízo naquela antiquada cabeça.

Já lhe disse que os tempos são outros e que as mentalidades são diferentes, Já o tentei convencer que temos que aceitar as diferenças e passar ao lado sem nos admirarmos com a forma como o mundo tem evoluído.

Mas nada feito, o homem está possuído e não sei, confesso, não sei que mais possa fazer.

Ontem veio-me com esta:

-Lestes o que veio escrito nos jornais?

-Sobre o que, Serafim?

-Essa tal de manifestação dos gays e lésbicas que querem uns direitos que eu não percebi bem quais. Para já, não sei donde veio essa ideia de lhes chamar gays e lésbicas, quando todos sabemos e, eles também sabem, que sempre foram paneleiros e fressureiras. Onde se viu essa de gays e lésbicas. Estrangeirices. Esta gente tem a mania das estrangeirices.
É uma maricagem que não me entra cá na cabeça. Afinal o que essa gente quer? Pensaram, já, que ideias que essa gente tem. Já pensaram dois homens na cama? Um com o outro? A fazerem o que? Deve ser tal e qual como quando um cão se monta noutro cão e tenta desajeitadamente conseguir aquilo que não é possível. Um cão não é uma cadela. Esses paneleirotes devem ser, tal como os cães, um sem jeito e sem graça total. Não consigo compreender, nunca vi mas gostava de ver só para poder compreender.

E duas mulheres? Começa por ser um desperdício de quatro mamas e duas patarecas sem aproveitamento. Sim o que fazem com esse maravilhoso material? Batem pratos? Uma apalpa a outra? É isso? Não posso compreender. Não me entra na cabeça. É um parafuso com outro parafuso, ou, uma porca com outra porca. Não tem jeito. O parafuso foi feito para a porca e a porca para o parafuso. Doutra maneira não bate certo.

-Mas Serafim eles sentem-se felizes assim e nós temos que respeitar as inclinações sexuais de cada um.

-Qual o que! Agora também tu os vens defender! Inclinações sexuais?

Aberrações! Sim isso é que é. Aberrações! Agora também tu me vens com essas ideias absurdas. É o fim do mundo. Está tudo perdido. Não há salvação possível.

Desaparece.

Vá, desaparece.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Vou de Férias......






Dançar é como caminhar nas nuvens em alegres rodopios



Estive, há dias, a apreciar um grupo de jovens a dançar.

Era uma mistura de rapazes e raparigas. Não se sabia bem quem dançava com quem.

A dançar, diziam eles, pois o que eu vi foi apenas um ritual de movimentos desconchavados e sem qualquer ligação com aquilo a que chamamos, normalmente, dançar.

Um levantava o ombro direito, como se algo na roupa o estivesse a incomodar, enquanto na sua frente, o outro abanava a cabeça em tristes movimentos de rotação.

Uma das raparigas, parecia possuída de alguma desagradável comichão, pois o seu tronco, parecia coçar-se numa mão imaginária.

Havia, de facto, para todos os gostos. Desde os que abanavam um pé, como se quisessem confirmar que o mesmo ainda se encontrava agarrado à perna, enquanto outra rebolava as imensas nádegas num saracotear despropositado.

Todos com um ar absorto, alheios, como se não estivessem ali a abanar-se ao som de um tum...tum...tum....tum...que parecia não ter fim.

Lembrei-me, então, como antes era diferente o dançar. Agarrados num agradável amplexo, corpos cingidos num ritmo que nos embalava e conduzia.

Tempos modernos, coisas que me ultrapassam.

Mas que fazer quando se começa a ser coroa.

Que saudades!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Tristeza.




Hoje apeteceu-me chorar.

Queria que as minhas lágrimas rompessem, quase, num pranto convulsivo e deixassem sulcos indeléveis.

Que rasgassem todas as barreiras e corressem livres a caminho de um mar de tranquilidade.

Que arrastassem consigo todas as misérias para que nenhuma criança sentisse mais fome.

Para que os velhos pudessem passar os resto dos seus dias com um sorriso de felicidade.

Para que os hospitais fechassem por falta de doentes.

Para que o nascer fosse como o romper do dia, calmo, tranquilo e sem dor.

Para que as guerras deixassem de ser guerras e os beligerantes dançassem num alegre rodopio, ao som da música da harmonia.

Para que os tiranos passassem de opressores a oprimidos para poderem sentir bem o estigma e o opróbrio da dor e da revolta.

Mas os meus olhos secaram, as minhas lágrimas já não são mais lágrimas.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Os homens, as mulheres e os cogumelos



Os homens são uns pobres coitados convencidos que governam o mundo, quando na realidade são governados pelas mulheres.

As mulheres são os seres mais esperto, não disse inteligentes, que habitam este planeta. São perspicazes, determinadas, calculistas e matreiras.

Não é que eu esteja contra as mulheres, longe de mim tal ideia, mas sou obrigado a constatar a evidência dos factos.

A mulher quando quer uma coisa não vale a pena contrariar, ela vai conseguir mais tarde ou mais cedo. Começa com meiguice e falinhas mansas, em doces enlevos e em ternuras de uma brandura a que não estamos habituados.

Depois vem um ar de tristeza e abandono capaz de derreter o coração mais insensível.

Se o método não estiver a resultar vem uma cara de sogra em dia azedo, carranca de uma tristeza tão pungente e tão dolorosa que ficamos incapazes de continuar a contrariar seja qual for pretensão.

Temos que ceder antes que comecem todas as greves em que são exímias.

A mulher não admite nada que na sua, dela, opinião possa beliscar a sua privacidade. Nem pensar! As suas coisas são sagradas. Mas podem espreitar as mensagens do nosso telemóvel, vigiar os nosso emails e até fazer uma visita á nossa carteira. Dizem que estão, apenas, a acautelar os interesses próprios.

Se vimos a bola, enquanto sorvemos uma cerveja, somos apodados de viciados e verberados pelo tempo que estamos a dedicar a uma dúzia de homens em cuecas atrás de um esférico.

Mas nunca a interrompam no seu programa favorito! Esse é o seu culto que não pode ser atalhado por questões menores. Interromper é tirar o espaço a que dizem ter direito.

São seres lindos e imprescindíveis. São as flores do nosso jardim e o perfume da nossa existência.

Tem direito aos nossos cânticos e louvores, as nossas odes e todas as homenagens, porque embelezam a nossa vida.

Mas cuidado porque podem ser como os cogumelos.

Fatais.

Veneno puro.

O lar.......



Decerto que o meu último escrito tinha explicita alguma violência, violência que faz parte do nosso dia-a-dia. Hoje vou ser muito prosaico e num texto simples e despretensioso deixo muita mais violência embora esteja, apenas, implícita.




Era estranho, hoje não era nenhum dia especial e o filho vinha vê-lo. Ficava sempre apreensivo com estas visitas inesperadas. Estaria alguém doente?

Normalmente as vindas do filho, muito espaçadas, só aconteciam em ocasiões muito especiais. Seria que hoje era o dia do seu aniversário e não se tinha lembrado? Já lhe tinha acontecido.

Mas não, o filho disse que era apenas rotina e preocupação por estar sozinho. Esquisito, pois desde que a doença lhe levara a mulher sempre esteve sozinho e nunca se preocupou.

-Sabe pai, a sua idade já começa a ser muita e é sempre perigoso estar só, pode acontecer tanta coisa.
-Mas João, a tua mulher nunca gostou de mim, nem da tua mãe, e não é agora que me vai querer na vossa casa.
-Nada disso pai, estava a pensar irmos ver um sítio que eu descobri e que pode resolver todos os nossos problemas.
-Mau, mau, os nossos ou os teus? Em que estás a pensar?
-Vá vestir a sua roupinha e venha comigo.

Parou o carro à porta de uma vivenda com muros altos e com uma placa amarela em que falava de estabelecimento com Alvará. Que seria aquilo?

Fomos recebidos, á porta, por uma menina, com ar de professora, vestia uma bata às riscas azuis e brancas, o que não me agradou pois gosto, muito mais, do verde e branco.

-Mas isto é um depósito velhos! Qual é tua ideia? Não penses que me vais deixar aqui, prefiro que faças como antigamente em que diziam que iam abandonar os velhos na serra.
-Oh pai, não seja melodramático, facilite as coisas e não complique mais a minha já complicada vida.

Foi uma visita rápida, havia diversas salas onde os idosos se encontravam numa espécie de letargia, uns dormitavam, outros olhavam o vácuo na procura de um passado ainda vivo nas suas memórias.

Alguns olhavam uma televisão onde uma menina cantava uma canção muito em voga. Um dos idosos, de olhos tristes, olhou-me e disse:
-Vais ser nossa companhia?
-Nem pense, eu nunca.
-Eu disse o mesmo e estou aqui há dois anos.

Depois vimos um quarto, duas camas, um armário, uma mesa-de-cabeceira comum e na parede um quadro de um Anjo da Guarda a proteger duas crianças junto a um poço.

Fiquei num desconforto enorme, parecia-me que o resto dos meus dias estavam a ser decididos sem eu nada poder fazer.

-Mas João eu estou muito bem na minha casa. Não te dou trabalho nenhum, porque é que me queres meter num lugar destes?
-Tem que ser. Eu não tenho tempo para andar sempre cá e lá e quero estar descansado. Ficas acompanhado, não te falta nada e eu estou tranquilo.

Esta noite não consegui dormir, foi uma intranquilidade total. Pensar que me iam meter numa casa que não era a minha, acompanhado por alguém que não conhecia, vivendo como numa prisão, sem os meus conhecidos e sem poder ir beber a bica com os meus amigos. Eu não merecia isto. Trabalhei até cair para o João poder tirar o curso, para nada lhe faltasse. Agora a paga era esta.

Na segunda-feira depositou-me naquela vivenda de muros altos, com aquele senhora de bata azul e branca, naquele quarto com o anjo da guarda, com aquele velho de olhos tão tristes como os meus.

Passei o o dia calado, não falei com ninguém, mal toquei nas refeições. Quando a noite chegou, outra menina, também de bata com riscas azuis e brancas, levou-me para o quarto e ajudou-me a deitar.

Adormeci tranquilo num doce torpor de melancolia.

-Bom dia Senhor Doutor João.
Temos más notícias, o seu pai morreu esta noite durante o sono.
Esperamos por si.
As nossas condolências.
Obrigada.

sábado, 18 de julho de 2009

A vingança.....


A vingança não se serve. Apenas serve. (Mia Couto)


Não esperava o murro e o seu corpo tombou pesadamente com o rosto a bater com estrondo nas pedras da calçada.
O sabor a sangue invadiu-lhe a boca, uns zumbidos irritantes povoaram-lhe o cérebro. Quis fazer um movimento para se levantar mas estava descoordenado e apenas o instinto o levou a desviar a cabeça dum pontapé.

Sentiu no ombro o impacto da bota.

Ficou numa prostração total, apenas ouvia os sons intervalados de mulheres gritando, de correrias, de homens agitando a bandeira da harmonia.

Não soube quanto tempo esteve naquela doce prostração. As ideias descoordenadas passaram como filme em câmara rápida. Viu as lutas na escola, o medo, as tareias com que os mais velhos o mimoseavam diariamente.

Lembrou-se da promessa que havia feito a si mesmo. A jura de nunca mais se deixar bater. De morrer, se necessário, mas de nunca mais ser o bombo de ninguém.

Agora estava prostrado, dorido, com a sangue a empapar uma boca magoada. Tinha os pensamentos embotados. Estava confuso.

Levantou-se a custo, numa bebedeira de sons que lhe povoavam o cérebro. Olhou com a vista enevoada o agressor seguro pelos braços fortes do Aguinaldo e do Ramires.

Agarrou-se á parede para ajudar o equilíbrio que lentamente ia recuperando. Devagar foi-se aproximando até ter a sua cara encostada á face de quem tão cobardemente o agredira.

Rapidamente puxou da faca com que amanhava o peixe e por sete vezes a fez entrar no corpo do inimigo, sentiu a sangue jorrar e o gemido do porco na agonia. Os braços fortes não aguentaram o peso da morte e deixaram o corpo tombar e bater com força no basalto da calçada.

Olhou a posição grotesca do cadáver, mirou todos os que o rodeavam e disparou num choro convulsivo.

Estava vingado.

Tinha cumprido a promessa.

Tinha jurado que nunca mais ninguém lhe ia bater.

Nunca mais!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Momentos.



Olhou no espelho a sua nudez e sentiu que ainda mantinha umas formas invejáveis.
Passou as mãos, suavemente, pelos seios e sentiu que alguma flacidez começava a anunciar os seus, quase, 40 anos.

Tinha que se despachar, não podia perder tempo a apreciar os contornos de uns quadris bem desenhados, nem a admirar a suave curva de um rabo ainda bem firme.

Agora ele estava quente e esperava por ela para a embrenhar na beatitude de uns momentos de prazer.

Era a altura sublime para sentir-se mergulhar e deixar que os seus pensamentos se estirassem na volúpia do gozo que a esperava.

Deitou-se devagar sentindo o seu corpo ser acariciado em movimentos circulares, sentiu a maciez percorrendo a sua longas pernas e entrando em espirais leitosas que se iam diluindo em suave movimentação em redor da sua pele macia.

Fechou os olhos numa sensualidade estudada e deixou soltar um pequeno suspiro quando sentiu uns bafos quentes percorrendo as suas coxas, subindo num encaracolado de ondas de suaves carícias.

Deixou desfalecer o corpo, semi-cerrou os olhos e quedou-se numa prostração sensual. Absorta. Voluptuosa. Lúbrica.

Ficou assim por largos momentos até sentir que o calor que a confortou ia, pouco a pouco, desaparecendo.

Enrolou o corpo na toalha e deu por terminado o seu banho de jacuzzi.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

O Pangolim, e as voltas da vida...





Já andei tanto nesta jornada da vida que o cansaço começa a mostrar quem manda.

Bem quero resistir, faço caretas, finjo, tento enganar mas não vale a pena.

Quando tento acelerar o passo, logo as pernas entram em contra-mão numa resistência ao esforço que lhe estou a pedir.

Quando nado, o que há pouco era apenas uma piscina, agora parece-me a travessia da mancha.

Não sei se vale a pena enganar os que giram na nossa órbita, mas a verdade é que não podemos mostrar a nossa fraqueza.

Enquanto parecermos fortes, conseguimos gravitar como seres normais.

No dia, em que aos olhos dos outros, mostrarmos as nossas fraquezas ficamos sujeitos as implacáveis regras da sociedade.

Eu continuarei a lutar numa enganadora tentativa de travar esta inominável marcha que o tempo trava contra mim.

Eu vou resistir, vou fingir que ouço bem, que os meus olhos são como os do lince e que etc. etc., tudo igual.

Vou tentar com arreganho enganar os outros enquanto, também, me vou enganando a mim próprio.

Mas vão perguntar a que propósito vem o pangolim?

Pois é, tal como os velhos, também são desdentados.

Só por isso.

Onde estás?



Passou por mim olhando de lado. Eu sabia que estava zangada, não gostou do que lhe tinha dito. Mas eu também não gosto que ocupem o meu lugar no sofá. São manias, sou assim. Que fazer? Também tenho os meus direitos e não me posso subjugar a tudo o que ela quer. A culpa é toda minha, pois o excesso de mimo conduz a estas situações.

Saiu para o jardim e não olhou para trás como de costume. Eu sei que não tarda. Vai passar e volta cabisbaixa como se não fosse nada com ela. Deve ser o facto de nem sempre me impor como devo. Tenho que passar a ser mais firme e a deixar bem claro que sou eu quem manda.

Começo a ficar preocupado, pois do jardim passou para a rua é já passaram cinco horas e não há sinais da Alice. Não é que seja de me preocupar grandemente, pois já fez o mesmo por diversas vezes, desaparece e só volta quando lhe dá nas ganas. Mas um dia vai-se sair mal. Vai, podem crer!

É muito ciosa dos seus direitos e se altero um bocado a voz, amua e pronto, desaparece convencida que me está a castigar. Um dia perco a cabeça e as coisas, aí, vão mudar de figura. Faço como um amigo meu que fechou, a dele, na cave durante alguns dias e parece que a coisa resultou. Diz que agora está muito mais meiguinha.

Queria evitar, pois eu sou contra os radicalismos. Julgo que não é necessário chegar a esses extremos. Penso eu!

Agora as coisas começam a ficar mais complicadas, e, confesso alguma preocupação, pois já vai um dia e sem aparecer. Por tanto tempo nunca sucedeu. Será que lhe aconteceu alguma coisa? Nem quero pensar nisso!

Já estou arrependido por ter alterado a voz, mas temos que mostrar quem manda, pois se nos tomam a fraqueza não tarda abusam.

Se conhecessem a Alice provavelmente não me estavam a condenar. Mas não conhecem! Não sabem o que é ser convencida e teimosa.

Há três dias que não aparece. Já fui á polícia. Foram muito simpáticos, mas pouco ou nada podem fazer. Aconselharam-me a por um aviso nas montras, a pedir ajuda das pessoas conhecidas. Acho ridículo e não o vou fazer.

Já cinco dias e nenhuma notícia da Alice. Estou a ficar muito, mas mesmo muito, preocupado. Não sei que fazer mais. Já percorri todos os locais onde sei que ela gosta de ir. Já mobilizei todos os amigos para me ajudarem na procura, já pedi todas as ajudas possíveis e nada. Não aparece.

Estou a precisar de ajuda, ando muito preocupado, pois perder a minha única companheira é muito difícil. Passo os serões a olhar para a televisão sem nada ver. Aquele lugar vazio no sofá é angustiante.

Ouvi algum reboliço no jardim. Devem ser os gatos da minha vizinha. São dois bichos desinquietos e que estragam os meus melhores canteiros.

Pareceu-me ouvir bater na porta. A estas horas quem pode ser?

É ela! Magra, suja e com um ar tão submisso que me espanta. Olha para mim de uma forma suplicante e abana a cauda num ar de humildade que me deixa, deveras, espantado.

Mal abro a porta disparou em direcção á ração, que detesta. Rapou a tigela até ao fundo e olha para mim implorante, como que a pedir mais.

Não comes mais, tens que ir tomar banho. O susto que tu me pregastes.

Anda cá maluca.

terça-feira, 14 de julho de 2009

É assim....



Uma amiga, companheira destas coisas do Blogue, escreveu no dia do seu aniversário:

“Tenho estado a pensar se tenho a vida com que sonhei ou a que escolhi... ou se não sonhei nem escolhi...”

“Penso também se estou satisfeita com a minha vida ou se mais uma vez se impõe a mudança”

“Hoje não consigo responder se estou alegre ou feliz... Hoje apenas sei que faço 32 anos.”

Li, deixei uma pequena mensagem de circunstância e levei comigo a carga de que algo estava mal, algo estava errado... ou eu não tinha compreendido a mensagem.

Aos 32 anos corremos com fúria os trilhos da vida, andamos descalços para sentir com mais força os caminhos que percorremos, molhamos os pés nos lagos dos jardins para sentirmos a seiva da vida.

Aos 32 anos queremos subir a Torre Eiffel e fazer amor no topo para que todo o Paris pode contemplar a nossa alegria.

Aos 32 anos estamos a trepar os caminhos da vida, a dançar ao compasso do vento, sentimos no rosto a liberdade que o tempo nos vai tirando.

Aos 32 anos não podemos ter dúvidas.

Fiquei triste e sonhei ser nuvem para em pequenos e alvos cirros ir apagar as lágrimas que adivinhei. Quis ser vento para levar para longe essa solidão que pressenti. Quis ser onda para afogar essas dúvidas e dissipar tantas incertezas.

Mas como sou filho de um Deus Menor, apenas posso deixar esta lágrima.

Espero que a enxugue com os escritos positivos com que diariamente nos alegra.