Não lhe
apetecia falar, não o podiam obrigar, por isso, ia ficar mudo como uma mosca
morta.
Ele estava atento e percebia a forma indirecta como o abordavam, sub-reptícia e camuflando as intenções. Mas estava preparado para tudo e nem com ameaças ou promessas ia abrir a boca.
A verdade é que não sabia nada mas, os outros, pensavam que sim e ele alimentava essa convicção, sentia-se importante e gostava.
Fazia um ar circunspecto, misterioso e, por dentro, ria com o gozo da situação.
A mãe era a mais descarada, não fingia, era directa e insistia:
-Mas Raimundo porque não conta tudo à mãe?
Podes confiar em mim que eu não digo nada a ninguém! Em que problema estás metido, filho? Já sabes que a mãe te ajuda!
Sorria. Um esgar, um pouco sacana, mas era o suficiente.
-Mas o queres que conte? Sabes, bem, que não posso, fiz uma promessa! Concluiu Raimundo, com uma gargalhada.
Ao jantar ele percebia os olhares da irmã, até parecia ouvir-lhe os pensamentos, pareciam moedas tilintando num bolso imaginário. A irmã, Mónica, só pensava no dinheiro que lhe podia render, se soubesse, o que julgava que ele sabia.
Não se importava nada de esmifrar, fosse quem fosse, para estar calada e não badalar se isso desse algum lucro.
O parvo
do irmão devia saber tudo, sabia quase de certeza, senão a agitação que
percebia, nos outros, não fazia sentido. Não sabia o que era, o que podia ter
acontecido mas, tinha a certeza, que era um grande furo que podia dar umas boas
notinhas.
O irmão era um parvo, dos grandes, se fosse esperto partilhava com a mana e ela se encarregava de sacar umas massas e, ele, podia continuar a fazer o papel de santinho, bem comportado. Mas o tipo não confiava e não sonhava alto.
Ela já tinha o filme todo, feito na cabeça, ou a mãe tinha posto um par de chavelhos no pai, ou o contrário, o pai andou em algum enrolanço e o gajo topou.
Havia de descobrir, não sabia como mas ia conseguir saber tudo.
Agora havia uma coisa que lhe bailava na cabeça, se o pai e a mãe pareciam receosos era porque não estavam tranquilos, alguma tinham feito.
A mãe não acreditava muito, ela tinha olhos de quem gostava mas, dai a fazer uma escapadinha não lhe parecia. Já o pai era capaz de tudo e um pouco mais, ela topava os olhos dele e a forma como se babava quando a vizinha, do andar de baixo, estava à janela com as mamas a quererem saltar pelo decote.
******
Raimundo estava metido num sarilho, começou com uma brincadeira, parva, mas uma brincadeira.
Raimundo estava metido num sarilho, começou com uma brincadeira, parva, mas uma brincadeira.
Um dia chegou a casa com cara de caso, ar enigmático e um bocado misterioso.
A mãe, sempre atenta aos filhos, perguntou:
-Raimundo que se passa? Parece que vistes alguma aparição!
Fingiu um ar compungido, coçou a cabeça, junto à testa, e deixou sair com um suspiro:
-Ai mãe se eu pudesse falar! Mas não posso porque muitas desgraças podiam acontecer.
A mãe ficou arrepiada, mas pensou que fosse mais uma aparvoada do rapaz e não ligou.
Raimundo arrependeu-se mas estava dito e, agora, nada havia a fazer.
A irmã, ele bem a ouvia, entrava no quarto às escuras e ia vasculhar-lhe a roupa, mirava todos os papéis na esperança de encontrar uma pista. Ele fingia dormir enquanto abafava um riso de gozo. Era lixada, não vendia o pai e a mãe, porque sabia, que ninguém os comprava.
O pai está na fase de só gostar de ver e a mãe no deixa andar, já não têm mercado.
Raimundo está, como que entalado, meteu-se em trampa, até ao queixo, e agora esta com medo das ondas, para não se engasgar com a agitação da maré.
Mas já que que começou vai aguentar, o máximo, até dar, depois alguma coisa deve acontecer, logo se vê.
*****
E aconteceu, coisas do acaso ou desígnios de Deus, mas a verdade é que o pseudo segredo, do Raimundo, acabou por acontecer.
********
Foi por acaso, ouviu o som de mensagem no telemóvel da irmã, não devia, mas foi espreitar e antes não o tivesse feito, pois ficou a saber o que não queria.
Mas agora tinha um segredo, não estava feliz, mas tinha acontecido e o segredo existia.
Foi por acaso, ouviu o som de mensagem no telemóvel da irmã, não devia, mas foi espreitar e antes não o tivesse feito, pois ficou a saber o que não queria.
Mas agora tinha um segredo, não estava feliz, mas tinha acontecido e o segredo existia.
******
Foi no Domingo, os pais foram à missa, iam sempre à das nove horas. Não era, propriamente, por devoção mas parecia bem e era uma forma de socializar com as pessoas chiques.
A irmã, como sempre, foi a ultima a sair do quarto, desgrenhada e com os olhos inchados de dormir.
-Até que enfim que te levantas, disse Raimundo, estava a ver que fazias uma directa!
Ela, esfregou os olhos, antes de responder:
-Sabes menino quais são as duas melhores coisa do mundo? Não deves saber mas são as duas feitas na cama, uma não te posso dizer, a outra posso: É dormir!
Foi direita à casa de banho, demorou meia hora mas valeu a pena. Saiu outra, cabelo composto, olhos arranjados e cara pintada. Aspecto de gente.
Sentou-se, à mesa, e começou a barrar uma torrada. Mesmo de boca cheia tentou a sorte:
-Sabes, mano, que eu ando a precisar de uns dinheirinhos e tu podias, também, receber algum. Que dizes?
-Nem tenho assim nada de especial, mas dinheiro faz sempre jeito! Respondeu o irmão.
-Então conta, à mana, o segredo que sabes do pai ou da mãe e eu, sacana como sou, faço uma pequenina chantagem e saco algum que pudemos dividir. Que dizes?
-Sabes, Mónica, que por acaso, sei um segredo e grande. Mas tenho a certeza que não consegues com ele sacar dinheiro a ninguém.
-Parece que não me conheces, mas podes ter a certeza que consigo. Conta lá!
-Queres que conte, então aqui vai:
Foi no Domingo, os pais foram à missa, iam sempre à das nove horas. Não era, propriamente, por devoção mas parecia bem e era uma forma de socializar com as pessoas chiques.
A irmã, como sempre, foi a ultima a sair do quarto, desgrenhada e com os olhos inchados de dormir.
-Até que enfim que te levantas, disse Raimundo, estava a ver que fazias uma directa!
Ela, esfregou os olhos, antes de responder:
-Sabes menino quais são as duas melhores coisa do mundo? Não deves saber mas são as duas feitas na cama, uma não te posso dizer, a outra posso: É dormir!
Foi direita à casa de banho, demorou meia hora mas valeu a pena. Saiu outra, cabelo composto, olhos arranjados e cara pintada. Aspecto de gente.
Sentou-se, à mesa, e começou a barrar uma torrada. Mesmo de boca cheia tentou a sorte:
-Sabes, mano, que eu ando a precisar de uns dinheirinhos e tu podias, também, receber algum. Que dizes?
-Nem tenho assim nada de especial, mas dinheiro faz sempre jeito! Respondeu o irmão.
-Então conta, à mana, o segredo que sabes do pai ou da mãe e eu, sacana como sou, faço uma pequenina chantagem e saco algum que pudemos dividir. Que dizes?
-Sabes, Mónica, que por acaso, sei um segredo e grande. Mas tenho a certeza que não consegues com ele sacar dinheiro a ninguém.
-Parece que não me conheces, mas podes ter a certeza que consigo. Conta lá!
-Queres que conte, então aqui vai:
O
Daniel, o teu namorado, diz que já tratou com uma parteira de tudo, podes ir
quando quiseres tratar do teu problema.
-Tenho
razão ou não?