Hoje, dia 24, o meu Blogue completa 7 anos.
Maravilhosos pelos amigos que fui encontrando, pelo
estímulo e amizade.
Obrigado a todos.
A tarde estava muito quente, se não fosse uma ligeira brisa que o renque de árvores, da frente, nos oferecia seria, quase, insuportável.
Apetecia-lhe uma bebida, não que fosse pessoa de beber, mas hoje tinha esse desejo.
Pensou num whisky, mas detestava, um gin-tónico vinha a propósito mas, foi proibido pelo médico por causa dos rins, o melhor era mesmo um copo de água.
Ia saber-lhe bem mas a preguiça venceu a vontade,
não lhe apetecia levantar o rabo da cadeira, ficou pelo desejo.
Antes não era assim, estava sempre pronto à acção, motivava-o, corria, surfava e uma serie de coisas para manter a forma.
A mãe dizia: "Rapaz parece que tens bichos-carpinteiros"!
E parecia mesmo!
Tudo mudou, não foi de repente, aconteceu assim, pouco a pouco.
Primeiro tentou reagir, ser forte e parecia estar a
conseguir.
Pegava na bicicleta e saia, disparado, na tentativa
de que o pedalar concentrasse todas a atenções, mas em vão, os pensamentos
estavam tão distantes que se esqueceu que devia travar a roda traseira e
a queda, embora aparatosa, apenas lhe feriu o amor-próprio.
Ficou envergonhado com os risos dos outros, para piorar, a roda da frente entortou e teve que carregar, o velocípede, às costas.
Foi direita para a arrumação, nada de ciclismos.
Pensou em pegar na prancha e ir até ao mar mas, não tinha disposição, a imensidão do oceano ia aumentar a solidão que tinha tomado conta do seu ser.
Era estranho, não sabia bem os motivos desta apatia, espécie de angústia, que o sufocava num género de agonia.
Tinha amigas, muitas mesmo, e os convites para festas e saídas eram constantes, mas não, ia arranjando desculpas e acabava os serões em casa olhando, muitas vezes sem ver, aquelas series que a televisão ia impingindo.
Acabava por adormecer.
Amigos? Não tinha muitos, apenas um que vinha de infância,
não sabe bem porque, acontecia, mesmo na faculdade eram mais as colegas com que
se relacionava.
Não sabia bem porque, pois nunca teve problemas, ou
preconceitos, mas sentia-se mais confortável relacionando-se com as raparigas.
Era uma questão de sensibilidade, elas eram mais intuitivas, gostavam de falar de assuntos sérios, ao contrario dos rapazes que só falavam de gajas e, às vezes, para variar de futebol.
Tem, ou teve, um amigo de infância, o Fausto, que o acompanhou no secundário e depois, na Faculdade, durante o curso.
Eram muito chegados, muitos pensavam que demais. Mas não!
Eram apenas amigos, que compartilhavam muitos
gostos e gostavam de praticar desporto em conjunto.
Ao fim dos dias, sábados e domingos, não perdiam umas boas ondas para surfar, ou um passeio de BTT por montes e vales.
Mas, até isso, acabou porque o Fausto, acabado o curso e ouvindo o conselho de um tal Passos Coelho, pegou na bagagem e imigrou na procura daquilo que lhe tinha prometido e que agora lhe negava. Trabalho.
Não se arrependeu, encontrou e está feliz, não se lamentava por ter seguido o conselho, de um mentiroso, pois leu num jornal que o tal diz que não disse, mas não se admirou, pois o tipo, é perito em não fazer o que disse e, até, em dizer que disse o que nunca disse.
Para Almerindo, a partida do Fausto, foi um rude golpe, o único amigo verdadeiro, parceiro de tantas horas de estudo e aventuras radicais.
Para ele, Fausto, era o irmão que sonhou e que,
possivelmente, a separação dos pais, nunca deixou.
Podia ter emigrado, também, a amigo insistiu, tinha lugar na mesma Empresa, mas a mãe já não era muito nova e precisava muito dele.
Não queria emigrar, mas desejava muito, mesmo muito, ir para junto do amigo, mas não podia, a vida de quem lha tinha dado precisava dele.
Deixou de atender às chamadas do amigo, não respondeu mais aos emails.
Sofria! Mas tinha descoberto que não há, na vida,
impossíveis.
Ele já desconfiava que havia algo de diferente, lutou sempre contra isso, não queria admitir, pensava que eram apenas devaneios, próprios de alguma imaturidade, de dúvidas sobre os mistérios que a vida nos reserva.
Almerindo tinha a certeza, agora tinha, ou pela primeira vez quis assumir.
Ele já desconfiava que havia algo de diferente, lutou sempre contra isso, não queria admitir, pensava que eram apenas devaneios, próprios de alguma imaturidade, de dúvidas sobre os mistérios que a vida nos reserva.
Almerindo tinha a certeza, agora tinha, ou pela primeira vez quis assumir.
Para já perante ele. Pois para o mundo ainda não
estava preparado.
Era gay e estava apaixonado pelo Fausto.
Não lhe ia responder, não atenderia mais o telefone.
Era gay e estava apaixonado pelo Fausto.
Não lhe ia responder, não atenderia mais o telefone.
Ia esquecer.
Almerindo era casado e muito feliz.