Quatro
da tarde, ou talvez mais, e as notícias são, apenas, um enorme silêncio.
Esta situação não era nova, já se vinha repetindo há muitas semanas, mas ela, continuava a acreditar que um dia o milagre ia acontecer.
Não tinha relógio, não a deixavam usar, mas pela posição do Sol, nas frestas das persianas, deviam ser quatro horas.
Esta situação não era nova, já se vinha repetindo há muitas semanas, mas ela, continuava a acreditar que um dia o milagre ia acontecer.
Não tinha relógio, não a deixavam usar, mas pela posição do Sol, nas frestas das persianas, deviam ser quatro horas.
Talvez
não fossem mas, na imaginação de Marta, deviam ser mesmo essas horas.
Ontem, quando aquele médico horrível, achava ela, a veio visitar a luz do Sol incidia
da mesma maneira e eram quatro horas, ela ouviu a enfermeira Helena, ou talvez
seja Filomena, dizer ao médico:
-Hoje veio cedo senhor doutor são só quatro horas! Ele resmungou, qualquer coisa, uma espécie de grunhido que ninguém percebeu, só a enfermeira Filomela - ou será Helena? - deve ter compreendido. Mas isso agora não interessa, é só para verem que embora todos pensem que está maluca, mas não está! Se estivesse doida não reparava para este pormenor do Sol nas persianas.
Foi no último domingo - ou seria no sábado? - que lhe disseram que vinha hoje. Mas mentiram, ou ele como de costume, mais uma vez, dizia uma coisa e fazia outro. Sempre foi assim, um belo rapaz, bom e amigo, mas muito esquecido.
Não valia a pena esperar mais, as persianas tinham escurecido.
-Hoje veio cedo senhor doutor são só quatro horas! Ele resmungou, qualquer coisa, uma espécie de grunhido que ninguém percebeu, só a enfermeira Filomela - ou será Helena? - deve ter compreendido. Mas isso agora não interessa, é só para verem que embora todos pensem que está maluca, mas não está! Se estivesse doida não reparava para este pormenor do Sol nas persianas.
Foi no último domingo - ou seria no sábado? - que lhe disseram que vinha hoje. Mas mentiram, ou ele como de costume, mais uma vez, dizia uma coisa e fazia outro. Sempre foi assim, um belo rapaz, bom e amigo, mas muito esquecido.
Não valia a pena esperar mais, as persianas tinham escurecido.
Se calhar estava a fazer confusão, não era
hoje, é capaz de ser amanhã, estes comprimidos amarelos que a enfermeira Helena
- ou será Filomena? - a obriga a engolir deixa-a um pouco esquecida.
Não tarda muito, metem na cama e fica à espera porque amanhã, tem certeza, vem mesmo.
Tem que vir, tem que lhe explicar porque a meteu neste casarão! Sem nada, sem dinheiro, especada à espera, nem sabe bem do que.
Confessa que tem muitas saudades da sua casinha.
Gosta tanto de falar, um pouco, com a dona Gracinda - ou será Gracinha? - a cabeça não esta nada boa, são os comprimidos amarelos, podem ter certeza que são. Já pensou fingir que os toma e deita-los fora, mas a enfermeira Filomena - ou será Helena? - obriga-a e ela é tão boazinha que não tem coragem de a enganar.
Amanhã, quando o Carlos a vier ver - vem de certeza! - é um bom menino, vai pedir-lhe para a levar para a sua casa, já está aqui há tanto tempo que começa a estar farta.
Este sono, vem assim de repente, quer abrir os olhos e não consegue, são os comprimidos amarelos, tem a certeza que são.
Vai dormir, quer acordar bonita para quando o Carlos chegar. Ele gosta tanto que a mãe se arranje e esteja assim linda!
****
A enfermeira foi ajeitar-lhe a roupa, olhou-a com carinho e suspirou:
Não tarda muito, metem na cama e fica à espera porque amanhã, tem certeza, vem mesmo.
Tem que vir, tem que lhe explicar porque a meteu neste casarão! Sem nada, sem dinheiro, especada à espera, nem sabe bem do que.
Confessa que tem muitas saudades da sua casinha.
Gosta tanto de falar, um pouco, com a dona Gracinda - ou será Gracinha? - a cabeça não esta nada boa, são os comprimidos amarelos, podem ter certeza que são. Já pensou fingir que os toma e deita-los fora, mas a enfermeira Filomena - ou será Helena? - obriga-a e ela é tão boazinha que não tem coragem de a enganar.
Amanhã, quando o Carlos a vier ver - vem de certeza! - é um bom menino, vai pedir-lhe para a levar para a sua casa, já está aqui há tanto tempo que começa a estar farta.
Este sono, vem assim de repente, quer abrir os olhos e não consegue, são os comprimidos amarelos, tem a certeza que são.
Vai dormir, quer acordar bonita para quando o Carlos chegar. Ele gosta tanto que a mãe se arranje e esteja assim linda!
****
A enfermeira foi ajeitar-lhe a roupa, olhou-a com carinho e suspirou:
-Pobre
dona Marta, desde que o filho morreu, na naquele acidente de mota, ficou neste
estado!