Era
apenas uma pequena nesga, quase despercebida entre duas enormes dunas, que
pareciam borbulhar com a brisa que lhes agitava a areia mas talvez, mais, a
minha imaginação do que a minha vista parecia enxergar um vasto oceano. Muito
calmo, de um azul que cintilava pintalgado de reflexos de um sol intenso.
Não tinha a certeza, mas os meus sentidos pintavam, no meu pensamento, essa brecha de desejo e vontade.
Perguntei aos outros, não tinham a certeza, eu estava com miragens, talvez houvesse qualquer coisa mas mar era impossível.
Os oito camelos, aliás dromedários, faziam
trejeitos com a boca mastigando uma baba, peganhenta, com a cabeça muito
levantada como, tal como eu, estivessem a tentar descobrir a tal língua de mar
que habitava nos meus olhos. Talvez fosse, como diziam os outros, a minha
imaginação a desejar outra imensidão, para além do deserto, mas era fantasia a
mais, pois eu sentia o cheiro, o murmúrio e a espuma branca das ondas a
desfazerem-se.
A noite é serena e fria, o céu é uma explosão de estrelas, tão brilhantes e intensas que nos deixam num êxtase, numa espécie de boca aberta de admiração.
Agora o resto não existe, o mar que adivinho, a areia que se perde no horizonte dos nossos olhos, os dromedários que ruminam no escuro e, até, o calor que nos cobre a pele numa viscosidade, desconfortável, deixaram de existir, ficaram insignificantes perante a imensidão de astros que tomaram conta do tempo.
A noite é serena e fria, o céu é uma explosão de estrelas, tão brilhantes e intensas que nos deixam num êxtase, numa espécie de boca aberta de admiração.
Agora o resto não existe, o mar que adivinho, a areia que se perde no horizonte dos nossos olhos, os dromedários que ruminam no escuro e, até, o calor que nos cobre a pele numa viscosidade, desconfortável, deixaram de existir, ficaram insignificantes perante a imensidão de astros que tomaram conta do tempo.
Sinto-me pequeno e só numa redoma, de vidro pintada, de um miríades de pontos que brilham ou cintilam intensamente.
Adormeci no arrebatamento.
Manhã cedo, ainda o Sol não aquecia e começava o regresso. Ainda espreitei a nesga, que estava ligeiramente modificada e, juro que estava lá, talvez só no meu pensamento, mas estava.
Galgamos quilómetros, o deserto era uma enorme mancha que ia desaparecendo num horizonte longínquo. Paramos, antes do Parque, numa espécie de restaurante onde nada abundava, nem uma simples cerveja, ficamos por umas coca-cola e uns Kefts, espécie de almondegas muito aromatizadas, enquanto os ''rabos'' descansavam das sequelas dos balanços.
Muito agradável o acolhimento e a simpatia, pagamos o preço sensacional de 53 dirhans (cerca de 5,30 Euros).
O Parque de campismo era pior de tudo o que podíamos imaginar, o espaço era agradável, mesmo com as ovelhas a passear no meio dos campistas, mas a higiene dos sanitários fazia fugir qualquer um. Indescritível!
A nossa
salvação foi a auto-caravana, que tinha todas as condições.
Partimos cedo, a semi-aventura estava a chegar ao fim.
Partimos cedo, a semi-aventura estava a chegar ao fim.
Quando
entramos no barco, um pouco de nós, continuava naquela terra, na mistura de
berbere, francês, espanhol, de gestos e de uma simpatia imensa.
Um dia
volto.
Prometo!
(Escrito em 13 de Maio - Khouribga - Marrocos)