terça-feira, 25 de novembro de 2008

Tempos idos.......




Dou, muitas vezes, por mim a pensar como foi a minha adolescência.
Nada do que nos ocupa agora faziam parte do dia a dia.
As tecnologias não iam além de uns brinquedos de corda, de uma telefonia de som metálico ou de um relógio que não precisava de corda.
As raparigas olhavam para nós através das vidraças das janelas por onde passávamos, vezes sem conta, na esperança que os vidros se abrissem.
Nos Domingos de manhã todos os rapazes andavam nas proximidades da Igreja, pois era certo que as moças estariam presentes para a missa, o que dava a hipótese de uma melhor aproximação e a possibilidade de confirmar a presença no baile da tarde, normalmente na Sociedade Ordem e Progresso.
O bailarico, além do Cinearte, era o grande acontecimento do fim-de-semana.
As raparigas aprimoravam os seus trajos para deslumbrarem os já deslumbrados cortejantes.
Os rapazes depois de um banho mais profundo, esqueciam que era uma mariquice, e não deixavam de dar uma borrifadela com o perfume que lhe tinham oferecido no Natal.
Punham a camisa mais imaculada que possuíam onde uns botões-de-punho reluzentes davam uma imagem de marca. A gravata de seda, comprada por dez escudos ao chinês que as vendia junto ao café, era segura por alfinete a condizer com os botões-de-punho.
O cabelo bem escovado era o toque final.
Na sala do baile um conjunto de músicos, vestidos a rigor, ensaiavam as ultimas novidades que o cinema ou a rádio nos traziam. O vocalista, normalmente, era uma imitação de um Elvis Presley, mas só na popa, pois a voz não acompanhava a imagem.
Era uma tarde de emoções, pois havia a possibilidade de embalarmos nos nossos braços a rapariga dos nossos desejos, embora sob o olhar atento das mães.
Loucura total ao acorde de um “Love Me Tender” ou “Blue Moon”, nuns passos de rock aprendidos no último filme.
Era o Domingo da nossa fantasia o imaginário dos nossos parcos desejos.
Era uma felicidade de coisas simples.
Eram os anos 50.
Que saudades!

3 comentários:

Unknown disse...

Que nostálgico... eu não posso dizer que bons tempos estes, mas pelo menos ficam as boas músicas que herdamos e que são intemporais!... (e já nessa altura havia o chinês para comprar coisas ;o)...)

Manuel disse...

Haviam os ambulantes a vender gravatas.....

Filipa M. disse...

Quanta nostalgia... Para uma nostálgico/saudosista como eu ler estas coisas deixa-me... sei lá... sem palavras...

Eu não tenho saudades dos anos 50... mas confesso que dos 80/90 já começo a sentir algumas.

Não me lembro de comprar gravatas a 10$ mas lembro-me perfeitamente de receber do meu querido avô Júlio notas de 20$ e de 50$ e o que eu fazia com elas... é que dava para tanta mas mesmo tanta coisa...

Obrigada por me ter feito recordar a minha infância e a minha adolescência.

Agora até fiquei com vontade de me sentar em frente à TV a Ver "As Aventuras de Tom Sawyer" agarrada a um pacote de Bombocas! ;-)