quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Resquiescat in pace


Finalmente descansa em paz.
Eluana tinha 20 anos quando a fatalidade lhe tirou a vida.
Sim Eluana morreu nesse dia, há 17 anos. A vida que depois lhe atribuíram não foi vida, foi sofrimento, foi artificialidade, foi desumanidade.
A vida é um bem que nós gerimos, que nos dá a possibilidade de andar, correr, chorar, amar.
É a vida que nos dá o bom e o mau, a alegria e o sofrimento.
É a nossa vida! Que nos pertence, que nos dá a capacidade de decidir, de ser felizes.
Se nos tiram tudo isto a vida termina.
Eluana foi privada de tudo, ligada a uma máquina, por meio de tubos.
A vegetar.
Ninguém sabe se sofria, se sentia, se ouvia, se tinha emoções.
Ninguém sabe.
Só sabemos que jazia como um ser amorfo, abstracto, degradante.
Isto não é vida, isto é mil vezes pior que a morte.
Os altos dignatários de uma Igreja caduca, vieram à liça condenar o que é incondenável. Vieram apregoar e propagar o direito à vida. À vida que Eluana já não tinha.
Esqueceram a dignidade.
Esqueceram que viver amarrada, 17 anos, numa degradação constante e progressiva, sem esperança, sem presente, sem futuro não é vida.
Esqueceram que todos os dias morrem milhares de fome, na miséria de um Mundo, que esses Senhores fazem por ignorar.
Levantem a vossa voz e façam ouvir a vossa indignação, condenem os massacres, os lenocínios, os incendiários.
Condenem o que é condenável.
Façam-se arautos de causas nobres.
Mas deixem, agora, Eluana Englaro descansar em paz.
Tem esse direito.




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