Gostava de correr pelos campos por entre as
marcelas, desviando-se das estevas como se fossem um labirinto. Pelo caminho ia
apanhando alguma bolota que uma azinheira tivesse perdido.
Junto aos pegos fazia saltar as rãs que coaxavam, escondidas nos juncos, de papos dilatados em sinfonias de acasalamento.
Costumava fazer estas correrias com o seu amigo Armando, mas como ele estava com papeira, teve que vir sozinho. Não era a mesma coisa pois os dois faziam jogos que não dava para fazer só.
Estava muito quente e o Sol em círculos de calor obrigava-o a atar um lenço na testa, seguro com o boné, para que o suor não lhe descesse até aos olhos.
Que pena o Armando estar com aquela da papeira, pois os dois decerto iam encontrar um cágado entocado nalguma fraga do ribeiro que brilhava com o reflexo do Sol.
Ia lavar e comer a maça que apanhara, com autorização, na macieira do senhor Romão, depois ia agachar-se detrás da pedra grande, donde não era visto por quem se aproxima-se.
Tinha acabado de baixar a roupa quando estranhou o crocitar dos corvos debaixo do sobreiro velho, com os calções a pearem-lhe as pernas espreitou e só teve tempo de se ajeitar e partir em louca correria a caminho da aldeia.
A vereda desaparecia em remoinhos de pó debaixo das alparcatas, onde ofegante e olhando quase apavorado para trás, Onofre, corria como se fosse perseguido por um cão raivoso.
Começou a respirar de alívio quando na curva do caminho avistou as primeiras casas. Parou e baixou o corpo para restabelecer a respiração, pois até lhe parecia que ia deitar os bofes pela boca.
Á porta do posto da GNR estava, de sentinela, o senhor Pica que quando o viu assim esbaforido, perguntou:
-Que te aconteceu rapaz?
Queria falar mas um nó na garganta parecia tolher as palavras, respirou fundo antes de exclamar:
-Senhor Pica tem que ir lá ver!
-Desembucha, tenho que ir lá ver o quê?
Limpou a testa com o lenço, acalmou e então contou tudo:
-Sabe onde ficam os pegos da ribeira na herdade do senhor Faria?
Pois é lá que está o homem, debaixo do sobreiro velho, daquele que está rachado com o raio da trovoada, pois na sombra está o homem morto e os corvos estão a depenicar-lhe os olhos.
Vim a fugir não parei nunca, pois parecia que o homem vinha atrás de mim. Nunca tive tanto medo, juro que nunca mais vou para aqueles lados!
-Vais… vais, disse o guarda, e vais agora mesmo mostrar onde fica esse sítio.
(Estou a pensar
continuar esta odisseia, vou tentar a parte II)
18 comentários:
Que assombro...mortos assim com os corvos a debicarem-lhes os olhos...
Nem eu teria ido para esses lados...
Continua,continua, continua!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Bjs.
Não pense, Manuel, CONTINUE.
O que virá? Certamente daqueles finais de que tanto gosto!
Beijo
Laura
A história promete...
Fico no aguardo, Manuel.
Beijinhos.
Amigo Manuel, isso não se faz. Então eu tenho que esperar, para saber o final da história. Prega-me sempre uma rasteira. Ou o final nunca é o que espero, ou então não há final. Pronto...pronto... eu fico à espera (em pulgas)para saber o final. É perito nestas andanças meu amigo. Deixar o leitor agarrado ao texto não é para qualquer um. Adorei. Beijos com carinho
Manuelamigo
Venha lá essa II parte. Fico à espera, pois deste-me o gosto a provar e agora quero o menu completo. Muito bom. Como sempre.
Abç
Oi,Manuel!Saudades de ti e das tuas palavras,aff ver um cadáver ser comido pelos corvos deve ser mesmo aterrorizante,espero nunca passar por tal situação.
Beijos e obrigada pelo carinho de sempre!
Noooossa!! Imagino o medo! E deves continuar mesmo! abraços,chica e lindo fds!
Olá amigo Manuel.
Onofre voltará lá com o Sr. Pica, por mais aterrorizado que esteja, O Manuel também o que nos possibilitará acompanhar o que por detrás deste encontro com os corvos nos deixou em suspense.
Bom voltar a poder a lê-lo. Agora vou mais atrás e colocar a leitura em dia.
Kandando saudoso, atravessando tanto mar...
.•°`♥✿⊱╮
❤♡
Olá, meu amigo sumido!
Deve continuar essa história sim... o princípio já foi magnífico... estou curiosa para saber do próximo capítulo.
Boa semana!
Beijinhos.
Brasil.
°º °♫♫♪¸.•°`
Amei...Quero voltar pra ler o final...Continue tá?
Bjos achocolatados
Fico à espera da continuação! :-)
Manuel
continue com a historia.Estou ansiosa para saber o final. Uma feliz terça feira. com carinho
Bj de luz
Ana Brisa
Ainda não há continuação? Ai amigo Manuel que me mata do coração. Como ainda não há seguimento, resta-me esperar e deixar o meu carinho. Beijos
Olá Manuel.
Claro que tem de passar à parte II.
Quem não lhe vai dar autorização para nos deixar sem saber qual a causa da morte do homem, somos nós!
Que falta o Armando lá fez.
Tudo o que for partilhado fica menor...os sustos tambem.
Fico a aguardar a continuação.
Um beijo
Janita
Continue, Manuel, muito bom.Sem conhecer a continuação, não terá a menor graça. Começou, tem que concluir...(venho de tão longe!)...
Beijo,
da Lúcia
Olá,Manuel!!
Nossa,meu amigo!
Que susto em?!Coitado do rapaz!
Deve ser uma visão apavorante!!!E pior que imaginei...bah!Minha imaginação vive me pregando peças!
Mas que bom que vem mais!!!
Manuel, Amigo
Assim, pela meia parte, ficou algo tétrico. Com já há a segunda parte, vou partir para completar a Obra.
Abraços
SOL
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