segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Reflexos










Inspirado pela Sónia, que adoro, e que está encontrando o seu espaço……




Ela queria ser normal, igual a tantas outras, mas havia algo que a tornava diferente, um lirismo, um inventar de desejos, quase como se o mundo fosse feito de poesia.

Tinha sonhos, afinal todos temos, mas os dela eram diferentes, eram sonhos feitos de imaginações inimagináveis, de desejos nascidos de fantasias que se enleavam num emaranhado de coisas do que devia e, não era, ou não podia ser.

Olhava a vida de forma diferente, o futuro era hoje, o amanhã era, apenas, a continuação do presente.

Tinha planos, todos temos, mas eram diferentes, nasciam onde os outros acabavam.

Vivia num palácio de fantasias, onde pintava de cores fortes os desejos feitos sonhos.

Nasceu numa primavera, num dia em que o Sol brilhou e a encandeou, de tal forma, que não foi capaz de conhecer as mãos que da corola se ergueram quando a cegonha a entregou, depois adormeceu no recobro do cansaço da viagem.

Agora vive na incerteza, só lembra o bico da ave, mas não as mãos que a receberam.

Talvez, pensa, a cegonha a tenha deixado  na corola errada. Tem, quase a certeza, que a flor branca não era o seu destino. Seria na flor amarela, da cor do Sol, o seu verdadeiro lugar. As flores amarelas são o símbolo da amizade e do sucesso.

Foi, está convencida, um engano que lhe ditou este destino, não o pode mudar, tem que viver nele.

Às vezes procura o amor e vai em ilusões, feitas na imaginação do amanhã que ia modificar, mas o amor é mais do que um sonho colorindo uma existência. Não é apenas a doce ilusão  de uma fuga à vida que não se quer, é também o sacrifício de ideais e o perder dos valores que não se querem transferir.

Depois são os regressos, penosos pela angústia, frustrantes pelo desengano, felizes na necessidade de voltar ao princípio das coisas.

Os anos passam, o murchar das pétalas não se nota, mas os traços invisíveis anunciam que a mulher já não é menina, o conformismo vai roendo, devagar, os impulsos e os sonhos arrebatados que davam movimento à vida.

Agora pensa num aconchego que lhe mime a alma e alimente o espirito de caricias, que a faça sentir, menina/mulher, na procura incessante do sonho tão próximo, mesmo ali, mas tão distante que não sabe se, algum dia, o poderá encontrar.

Ainda não perdeu a força mas, os traços de cansaço deixam marcas.

Pensa que a vida não tem sido vida, pouco lhe deu e tudo o que era importante lhe foi roubando, de forma cruel, deixando marcas que o tempo não consegue disfarçar.

Mas segue, há uma força interior, talvez um lirismo que lhe diz que o caminho está ali, mesmo ao voltar daquela esquina, tão próxima mas, ao mesmo tempo, tão difícil de lá chegar.

Agora é esperar uma nova primavera e, que outra flor, da cor do Sol, lhe abra a corola num abraço para a acolher e lhe ensinar, finalmente, o caminho certo.

A vida é assim e, na esperança, tudo é possível.

Assim vai ser!





10 comentários:

Unknown disse...

Boa noite Manuel,
O tempo passa, não volta atrás.
Mas que haja uma oportunidade, qu o cansaço não irá ser impeditivo.

abç amg

Unknown disse...

Uma volta de tempo.
Sem querer apareceu e foi a estrela da manhã.Foi a luz do dia e a alegria de todos.
Depois o tempo dá mas também tira...Leva sem dar satisfação.
Na volta do tempo é preciso não desanimar.
Que a força da esperança e do saber acreditar nos movam os dias mais felizes e formosos.

São disse...

Um post cheio de beleza: imagem, texto e música !

Grato abraço

Gracita disse...

Olá Manuel
Uma melancolia explícita por um tempo que não volta e um sonho que não foi realizado. Um texto lindo, pleno de lirismo e emoção.Que a esperança nunca permita ao sonho fenecer. E que música linda!!!
Um abraço amigo

Vivian disse...

Olá, Manuel!!

Que belíssimo conto! Tão diferente, mas com a mesma qualidade e maestria!
Saudades tuas, meu caro amigo!!
Nem imaginas a alegria que me causa tuas visitas!Mesmo quando fico tanto tempo sem postar!
És um amigo muito especial, que guardo com imenso cuidado no coração.
Beijos,meu carinho e admiração!

dilita disse...

Olá Manuel

Muito obrigada pelas visitas ao meu cantinho, e pelas palavras que sempre me deixa.
Não fiz referência no post do cão,porque estava a fazer asneira, e parei.

Gostei muito deste "Reflexos" e da música. (Do imortal Vivaldi, quem não gosta?)
Texto e melodia, casamento perfeito.
Abraço.
Dilita

dilita disse...

Olá Manuel

Muito obrigada pelas visitas ao meu cantinho, e pelas palavras que sempre me deixa.
Não fiz referência no post do cão,porque estava a fazer asneira, e parei.

Gostei muito deste "Reflexos" e da música. (Do imortal Vivaldi, quem não gosta?)
Texto e melodia, casamento perfeito.
Abraço.
Dilita

SOL da Esteva disse...

O tempo não perdoa e deixa as suas marcas. Afinal, ser normal é isto mesmo.
Mais um daqueles Contos que "tocam" bem no fundo da Alma.
Boa parcela musical.
Parabéns, Manuel.

Abraços



SOL

Mirtes Stolze. disse...

Bom dia Manuel
Um texto lindo cheio de emoção, sempre devemos manter a esperança.Nesta semana a se abrir feito as flores na primavera, desejo-lhe as melhores coisas desta vida e que os anjos de Deus estejam ao teu lado! Uma semana abençoada meu amigo.
Abraços.

Mirtes Stolze. disse...

Bom dia Manuel.
Obrigada pelo carinho, estou sem responder aos comentários, pois escorreguei no banheiro, fui pará perto da banheira rsrs, não foi nada serio, mas bati o cotovelo, estou digitando com dificuldade.
Um feliz sábado.
beijos.