quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

NATAL




O Natal é uma quadra cheia de um misticismo que respeito.

Em tempos idos, quando as sombras negras não faziam parte do meu ser, eu venerava a época Natalícia, parecia uma criança no entusiasmo. Era dos primeiros a fazer a arvora de Natal que enfeitava com bolas coloridas, fitas douradas e lâmpadas que acediam e apagavam e, que culminava com uma estrela no alto.

Adorava. Era uma alegria que me deixava extasiado.

O presépio, feito de figuras que tentava conjugar, pois muitas vezes não tinham a menor consonância entre si. Mas gostava de as distribuir entre tufos de musgo, carreiros de mini pedrinhas brancas e, a terminar um pequeno espelho disfarçado imaginava a aparência de um lago onde um cisne – maior que muita figuras – dava a nota final a esta mistura entre o sacro e o profano.

Os meus rapazes ajudavam, desajudando, numa alegria que nos contagiava e nos deixava felizes na cumplicidade.

Tudo mudou. Hoje não gosto do Natal. Não gosto, talvez por egoísmo, talvez por razões que só eu sei compreender. Mas não gosto!

Reconheço, no entanto, que é uma época distinta, há no ar um cheiro diferente, as pessoas ficam mais solidárias, o que me desgosta, pois a solidariedade devia fazer parte do nosso dia-a-dia.

Mas não gosto mesmo nada desta época, aliás, deixei de gostar.

Deprime-me, faz-me lembrar Natais que nunca mais terei e que guardo dentro de mim.

Não gosto mas cumpro as tradições, os outros não podem ser penalizados.

E os meus bebes, são quatro, não tem culpa do que o destino fez ao avô, ao tio, ao primo.

2 comentários:

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Manuel
Reconheço, no entanto, que é uma época distinta, há no ar um cheiro diferente, as pessoas ficam mais solidárias, o que me desgosta, pois a solidariedade devia fazer parte do nosso dia-a-dia.

Palavras que são verdade.
Beijinhos
Sonhadora

Luz disse...

Manuel,
Compreendo o que quer dizer com este texto, sei o que diz em cada palavra, consigo sentir cada sílaba, cada letra...
Sabe, apesar de tudo, talvez porque, talvez não, mas com toda a certeza, porque me fora transmitido o verdadeiro espírito de Natal, continuo a gostar do Natal, ainda que seja agora tão diferente, mas conservo a magia que os meus Pais souberam tão bem passar aos filhos, sei o que é outros não terem Natal ou, nunca terem tido, eu própria sei o que é isso num certo sentido, mas no espírito sempre o vivi e, esse é o mais importante, o que vive em nós e, não apenas naquele dia como o dizia o meu Pai, ainda que esta época tenha algo a que não podemos ficar indiferentes, basta olhar as luzes, os presépios, as árvores e, aqueles pequenos pormenores que no fundo são grandes e únicos e fazem toda a diferença e, essa está no espírito, no coração de cada um.
Mas sei que o Natal nunca mais foi o mesmo e nem o será, terei sempre uma lágrima..., mas também um sorriso. Quando passamos um primeiro Natal em que aquela pessoa já não está connosco fisicamente, é tão complicado, tão triste, só apetece chorar, é uma dor sem fim, sei que me entende.
Já agora pode levar o desafio para o espaço do Manuel, caso queira, eu agora decidi não mencionar, aviso e, quem quiser que pegue :)
Quanto o resto, não esqueci :), obrigada.
Passe pelo atomovida se tiver um bocadinho...

Bjnho com amizade da Luz